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Acessibilidade digital e a relevância de promover autonomia

Amanda Lyra fala sobre a importante relação entre o mercado e a acessibilidade digital

Amanda Lyra* Publicado em 04/01/2023, às 06h00

As práticas inclusivas devem ser defendidas por todos
As práticas inclusivas devem ser defendidas por todos

O ano de 2023 se aproxima e as pautas mais efervescentes do mercado giram em torno de temas como diversidade, equidade e inclusão, dados, novas tecnologias e inovação. E o que tudo isso tem a ver com acessibilidade? Tudo.

Estudos apontam que as ações voltadas às questões de diversidade têm transformado o comportamento de compra, de busca e de atuação nos negócios. O relatório da Wunderman Thompson Intelligence - Inclusion’s next wave demonstra que marcas estão perdendo dinheiro ao não garantirem espaços acessíveis. O estudo revela que pessoas com deficiência, seus amigos e familiares são responsáveis por US$ 13 trilhões por ano em consumo, fato que deve ser cada vez mais relevante para os negócios, considerando que em números é um mercado emergente do tamanho da China e União Europeia juntos, para se ter uma ideia.

Afinal, somos consumidores ativos e temos o poder de influenciar uma quantidade expressiva de pessoas que estão a nossa volta. Quando meus amigos planejam um evento, buscam e dão preferências a lugares que oferecem acessibilidade física, para que eu, que sou cadeirante, possa ir e ter autonomia para me locomover, ir ao banheiro e aproveitar o evento, assim como pessoas que não tem nenhuma deficiência, mas também são beneficiadas ao terem todo o acesso liberado e não correrem o risco de tropeçar em uma escada, por exemplo.

Quando chegamos ao universo virtual, a acessibilidade também acaba se transformando em uma poderosa aliada de todos. Acessibilidade Digital é a eliminação de barreiras na Web, pressupondo que os sites e portais sejam projetados de modo que todas as pessoas possam perceber, entender, navegar e interagir de maneira efetiva com as páginas, independentemente de ter uma deficiência ou não. Em resumo, é criar interfaces e conteúdos que permitam que todas as pessoas tenham acesso – isto é inclusão digital e social.

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Quando falamos de legislação, temos a lei brasileira da inclusão, que já obriga empresas que tenham sede ou representação comercial no país a terem sites acessíveis, porém isto ainda é interpretado como uma boa prática e não uma obrigação jurídica. De toda forma, o cenário nacional da acessibilidade na web tem apresentado muitas mudanças, como a criação de canais de denúncias, inquéritos e notificações do Ministério Público. 

Não há como falar em diversidade e inclusão sem considerar todos os recortes e todas as pessoas que estão sendo excluídas pela falta de acessibilidade. Ainda segundo o estudo supracitado, 90% das empresas se preocupam com ações voltadas às questões de diversidade, porém apenas 4% das empresas incluem questões relacionadas a pessoas com deficiência em suas iniciativas de D&I (Diversidade e Inclusão).

O mercado está mudando e as empresas mais inovadoras não estão deixando passar, como, por exemplo, o Google, que apresentou a equipe e iniciativas de acessibilidade digital no Brasil, ou a própria i-Cherry, que é a primeira agência do grupo WPP no Brasil a ter um time voltado exclusivamente para a consultoria de acessibilidade digital, com foco em performance online tanto para sites, aplicativos, redes sociais e comunicação virtual. Com isso, podemos aguardar muitas mudanças em 2023 em relação à forma de vender, comprar e compartilhar conteúdos online. Para estarmos prontos para estas mudanças, é preciso nos concentrarmos no ponto central da acessibilidade: garantir acesso fácil para todos.

Então, é preciso conhecer todos os públicos, principalmente aquele que estamos perdendo. Por isso é necessário envolver profissionais especialistas em acessibilidade digital e que tenham conhecimento de causa. Como diz o lema da comunidade PCD (pessoa com deficiência): Nada sobre nós, sem nós.

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Amanda Lyra

*Amanda Lyra é líder do time de acessibilidade da i-Cherry