Ginecologista comenta o caso de Amanda Djehdian e esclarece sobre a teoria embrionária da doença
Redação Publicado em 18/12/2025, às 06h00

O diagnóstico recente de endometriose da ex-BBB Amanda Djehdian, que resultou em cirurgia robótica, destaca a complexidade da doença e sua origem embrionária, mudando a forma como é tratada e compreendida.
A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, podendo causar dor intensa e infertilidade, e sua origem está ligada a erros na embriogênese dos ductos de Müller, conforme explica o ginecologista Dr. Igor Chiminacio.
A cirurgia robótica, que permite uma remoção precisa das lesões, é recomendada em casos de dor persistente e dificuldades para gestar, e a conscientização sobre a doença é crucial para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Com o recente diagnóstico de endometriose da ex-BBB Amanda Djehdian e sua cirurgia robótica após uma perda gestacional, o ginecologista e cirurgião Dr. Igor Chiminacio explica por que a doença é tão complexa e como a compreensão moderna de sua origem embrionária transforma o modo como tratamos e prevenimos suas sequelas.
A endometriose é uma condição ginecológica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. A doença pode causar dor pélvica crônica, infertilidade e, em alguns casos, perdas gestacionais; hoje compreendemos que ela não se origina de “menstruação retrógrada”, mas de um erro na embriogênese dos ductos de Müller.
Esse entendimento, defendido por nomes como David Redwine e aprofundado no Brasil por Dr. Chiminacio, revela que o tecido endometrial fora do útero está presente desde o desenvolvimento fetal. Lesões profundas, como as observadas em muitos casos de infertilidade ou dor severa, resultam da ativação e crescimento desses remanescentes embrionários ao longo da vida reprodutiva.
A atriz e influenciadora Amanda Djehdian expôs recentemente seu caso, relatando a necessidade de uma cirurgia robótica para tratar a endometriose após enfrentar uma perda gestacional. Para Dr. Igor, o caso ilustra a forma como a doença, quando atinge estruturas profundas, pode comprometer não apenas a qualidade de vida, mas também a capacidade de gestar.
Segundo o especialista, a endometriose não é uma condição uniforme; varia desde focos superficiais até lesões profundas que acometem ovários, ligamentos, bexiga, intestino e, principalmente, os parâmetros uterinos. “Quando a doença segue exatamente a rota embriológica dos ductos de Müller, ela pode envolver nervos, vasos e tecidos profundos; e é esse padrão fixo que explica a dor intensa, o impacto reprodutivo e as perdas gestacionais”, esclarece.
No caso de Amanda, a decisão por uma cirurgia robótica fez sentido diante da necessidade de precisão e visão tridimensional para dissecar tecidos profundamente infiltrados. A tecnologia robótica oferece maior estabilização dos instrumentos, menor trauma e melhor acesso a regiões profundas da pelve. Contudo, Dr. Igor destaca que a filosofia cirúrgica é mais decisiva que a ferramenta utilizada. “A técnica mais eficaz, seja por robótica ou laparoscopia, é a remoção em bloco das lesões. Só remover toda a área embrionária doente impede que pequenos focos microscópicos permaneçam e continuem causando dor ou infertilidade”, afirma.
A abordagem cirúrgica costuma ser a melhor opção quando há:
1- Dor persistente apesar de tratamento clínico
2- Endometriomas ovarianos (cistos achocolatados)
3- Distorção anatômicas graves com órgãos colados uns aos outros com comprometimento profundo
4- Dificuldade para gestar (infertilidade) ou perdas gestacionais repetidas
5- Neuropatia (Sinais de lesões dos nervos)
Para Dr. Igor, o ponto central não é apenas operar, mas operar corretamente. “A endometriose profunda segue mapas embriológicos previsíveis. Quando entendemos a origem embrionária da doença, sabemos exatamente onde procurar e como remover toda a região acometida; e isso é o que chamamos de excisão em bloco. É esse tipo de cirurgia que realmente devolve fertilidade, reduz dor e previne recidivas”, explica.
Embora exames de imagem sejam importantes, o diagnóstico pode falhar quando há limitação técnica ou inexperiência na interpretação. Dr. Igor reforça que muitos focos de endometriose profunda não aparecem na ressonância magnética; por isso, é essencial correlacionar sintomas, exame físico e experiência clínica. Testes mais modernos que avaliam biomarcadores sanguíneos ou na saliva estão em fases próximas ao lançamento em todo o mundo, e representam um futuro promissor ao permitir detecção mais precoce e menos dependente de exames invasivos. “Diagnosticar cedo significa intervir antes que a doença comprometa nervos e a capacidade de gestar”, destaca.
Após a cirurgia robótica ou laparoscópica com técnica de remoção em bloco, a recuperação tende a ser mais rápida e com menor taxa de sequelas pélvicas. A correção anatômica devolve mobilidade aos parâmetros uterinos, alivia a tração sobre raízes nervosas e melhora o ambiente uterino para futura gestação. “Não é apenas retirar lesões; é restaurar anatomia, função e esperança”, afirma Dr. Igor.
Ele reforça que o impacto emocional da endometriose e das perdas gestacionais exige acompanhamento psicológico. “A jornada da endometriose é física e emocional; e cuidar dessas duas frentes é parte essencial da recuperação.”
Ao compartilhar seu diagnóstico, Amanda Djehdian contribui para quebrar tabus e acelerar a busca por diagnóstico por parte de outras mulheres. Para Dr. Igor, isso representa um avanço fundamental. “A endometriose é uma doença embrionária. Ela existe desde a formação do útero e precisa ser enfrentada com precisão, ciência e acolhimento. Quando falamos disso de forma aberta, ajudamos milhares de mulheres a compreenderem seus sintomas e buscarem ajuda qualificada.”
O médico conclui reforçando a importância do tratamento adequado. “Com diagnóstico precoce, abordagem cirúrgica embriologicamente orientada e acompanhamento contínuo, é absolutamente possível recuperar qualidade de vida e, para muitas mulheres, realizar o sonho da maternidade.”
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