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Educação financeira: como se preparar para a aposentadoria desde cedo

Entenda como iniciar o planejamento da aposentadoria desde jovem pode garantir um futuro financeiro mais seguro e confortável

Luciana Pavan* Publicado em 30/05/2025, às 13h00

Diversificar investimentos e negócios é um passo importante para um futuro económico confortável
Diversificar investimentos e negócios é um passo importante para um futuro económico confortável

Na atual conjuntura econômica, em que a taxa Selic já ultrapassa os dois dígitos, iniciar o planejamento para a aposentadoria logo no começo da vida não é apenas uma escolha inteligente. Diria que é algo essencial. Ao começar cedo, conquistamos duas grandes vantagens: o fator tempo, que possibilita a acumulação gradual de recursos, e o poder dos juros compostos, que potencializa seus investimentos ao longo dos anos. Além disso, quando contamos com rendimentos periódicos, o pagamento regular da previdência privada se torna mais viável, criando um ciclo virtuoso de economia e investimento.

Diversificação é a palavra-chave

Periodicamente, comento com os meus mentorados: para montar um plano de aposentadoria eficiente, a estratégia não precisa se limitar à previdência pública ou privada. Diversificar as fontes de receita é um caminho mais robusto para assegurar uma renda confortável no futuro. A combinação de investimentos de longo prazo, a venda ou aluguel de imóveis, e, inclusive, a criação de uma atividade complementar – como consultorias e mentorias – pode formar um conjunto de receitas que se fortalece mutuamente.

A decisão sobre qual caminho seguir depende do perfil financeiro e da situação atual: quem consegue investir mensalmente, quem já tem a possibilidade de investir em bens duráveis, e quem ainda está construindo sua base financeira. Isso tudo pode ser mais facilitado com uma ajuda profissional de quem vai entender as especificidades de cada indivíduo.

Como a economia comportamental pode ajudar na aposentadoria?

A economia comportamental tem se mostrado uma aliada poderosa na criação do hábito de poupar. Estudos mostram que para o nosso cérebro, o “eu” do futuro parece um estranho distante, o que torna difícil pensar em investimentos que só serão colhidos daqui a décadas.

Por isso, automatizar as aplicações – seja por meio de uma previdência privada ou de outras modalidades de investimentos – pode ajudar a transformar a poupança em hábito. Essa técnica não apenas simplifica o processo, mas reduz a tentação de gastar o que poderia estar rendendo para um futuro mais tranquilo.

Um dos grandes erros cometidos na hora de planejar a aposentadoria é subestimar as despesas futuras. Uma pesquisa realizada pela Schroders em 2018 apontou uma discrepância gritante entre o que os aposentados esperavam gastar e a realidade. Enquanto a previsão era de que 23% da renda seria destinada a despesas básicas, a realidade gira em torno de 34% – uma diferença que pode comprometer os planos caso não haja um planejamento realista. Essa lição reforça a importância de pensar de forma ampla sobre os custos da vida na terceira idade e incluir uma margem para imprevistos.

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Para os jovens – mesmo aqueles que ganham pouco – a dica é clara: comece com valores modestos. Atualmente, produtos de investimento permitem aplicações a partir de R$30 ou R$50 mensais. Aos poucos, com disciplina, esses pequenos depósitos podem se transformar em um patrimônio significativo; basta lembrar que investir regularmente por 30 anos pode culminar em uma reserva que ultrapassa os R$100 mil. O importante é desenvolver o hábito e aproveitar o tempo a seu favor.

Aos que estão na casa dos 50 ou 60 anos e nunca entraram de cabeça em um planejamento financeiro, a mensagem é de otimismo: nunca é tarde para reorganizar as finanças e buscar alternativas que garantam uma aposentadoria digna.

Para os pais, o assunto ganha um caráter ainda mais estratégico. Iniciar investimentos destinados, por exemplo, à educação dos filhos desde cedo, cria um “boleto” mensal que se paga no futuro, aliviando o peso das despesas com faculdade ou outros momentos importantes da vida. Essa prática não só prepara o terreno para a segurança financeira dos pequenos, como também serve como exemplo concreto da importância da educação financeira, que vai muito além dos números e estimativas.

A educação financeira – assimilada hoje quase como uma disciplina básica – está transformando o modo como as famílias lidam com o dinheiro. Ao entender e gerenciar receitas, despesas, investimentos e dívidas, podemos construir uma base sólida para o futuro, evitando erros comuns e rompendo com ciclos que levam ao endividamento. Planejar a aposentadoria e assegurar uma educação financeira desde cedo são, portanto, atitudes que beneficiam tanto a vida individual quanto o futuro coletivo, proporcionando uma melhor qualidade de vida e mais segurança nas escolhas do dia a dia.

*Luciana Pavan é educadora financeira e fundadora do 90 Segundos de Finanças

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres