A maternidade e paternidade são repletas de alegrias que nos ensinam a viver com mais amor e generosidade
Larissa Fonseca* Publicado em 23/07/2025, às 06h00
Muito se fala, e com razão, sobre os desafios da maternidade e da paternidade. As renúncias, a exaustão, a quebra de rotinas, a sobrecarga, o medo constante de errar. É importante que esses temas estejam em pauta. Mas hoje, eu quero abrir espaço para outro lado dessa história. Um lado que nem sempre tem holofote, mas que é a razão pela qual seguimos em frente, mesmo nos dias mais difíceis: as alegrias que fazem tudo valer a pena.
E não falo aqui de uma felicidade idealizada, feita de filtros e frases prontas. Falo de algo mais profundo. De alegrias que vêm do vínculo, da entrega, da construção diária de uma relação que transforma a gente por inteiro.
Tem alegria quando o bebê encosta a cabeça no nosso ombro e relaxa como se dissesse: "aqui eu tô seguro". Quando a criança nos chama no meio da noite só para confirmar que a gente ainda está por perto. É exaustivo, sim. Mas também é a confiança mais pura que alguém pode depositar em nós.
Tem alegria quando eles descobrem o mundo e nos convidam a ver de novo. Um passarinho na árvore, a primeira vez que sopra uma vela, um "olha, mãe!" para algo que aos nossos olhos parecia banal, mas para eles é uma conquista. E então a gente percebe que está reaprendendo a viver, com outros olhos.
Tem alegria nas conversas atravessadas no banco de trás do carro, nas perguntas inesperadas, nos silêncios compartilhados. Tem alegria quando eles confiam a nós seus medos, suas dores, suas dúvidas. Porque significa que somos território seguro. E ser esse território é uma das maiores dádivas da vida.
Tem alegria quando, mesmo depois de um dia difícil, eles ainda procuram o nosso colo. Ainda querem nossa opinião. Ainda nos veem como referência.
Há algo profundamente poderoso em saber que, para alguém, somos casa.
Tem alegria no crescimento deles, que é também o nosso. Porque educar um filho é ser educado por ele. É confrontar nossas impaciências, rever prioridades, aprender a amar com mais generosidade. A maternidade e a paternidade, quando vividas com presença, não nos encolhem. Elas nos ampliam.
Essas alegrias não são pequenas. Elas são fundadoras. Sustentam, reorientam, curam. São elas que nos lembram que estamos vivendo algo único, que nem sempre é leve, mas é profundamente significativo.
Sim, ser mãe, ser pai, é um trabalho gigante. Mas é também uma alegria gigante.
Porque apesar dos desafios, é esse amor real, imperfeito, mas inteiro, que nos transforma e faz tudo valer a pena.
*Larissa Fonseca é Pedagoga e NeuroPedagoga graduada pela USP, Pós Graduada em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Educação Infantil. Autora do livro Dúvidas de Mãe.