Sinais incluem dificuldades na interação social da criança
Redação Publicado em 08/02/2023, às 06h00
O aumento do número de casos com diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem sido um motivo de atenção para as equipes de saúde e comunidades científicas em todo o mundo. Apesar da escassez de dados oficiais, inclusive no Brasil, estudos internacionais realizados nos últimos anos indicam essa tendência de alta nos casos de autismo. De acordo com uma pesquisa do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, uma a cada 44 crianças possui TEA. Já um estudo divulgado em julho de 2022 pela Jama Pediatrics, também feito nos EUA, mostrou que a proporção do autismo entre crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos é de uma a cada 30 pessoas.
Mesmo com maior acesso à informação nos últimos anos, ainda há dúvidas sobre o que realmente é o autismo, seus sintomas e as implicações para o indivíduo. O TEA é conhecido também de diferentes maneiras, como Transtorno Autístico, Transtorno/Síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento sem outra especificação e é considerado um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento. A conscientização dos pais e da sociedade em geral sobre o tema é importante para que o diagnóstico de TEA seja feito o quanto antes na criança.
O diagnóstico precoce é fundamental para que o indivíduo receba o tratamento adequado e desenvolva uma vida produtiva e inclusiva, com chances de estudar e trabalhar. No diagnóstico é detectado se o paciente possui características que envolvam prejuízos na interação social, na linguagem/comunicação, e se há padrões repetitivos de comportamento”, diz a psicóloga Marina Rodrigues Alves, supervisora técnica do Centro de Neurodesenvolvimento e Reabilitação (CNR) do Instituto Jô Clemente (IJC).
A orientação é para que os pais, professores e/ou responsáveis procurem auxílio médico quando há os seguintes sinais:
1. Pouco contato visual: a criança não olha quando é chamada pelo nome ou não sustenta o olhar.
2. Não interagir com outras pessoas: não interage com outras pessoas por meio de sorrisos, por exemplo.
3. Bebês que não fazem jogo de imitação: os bebês começam a imitar atitudes e comportamentos por volta dos seis a oito meses de vida, portanto, deve-se ficar atento quanto à ausência desse comportamento.
4. Não atender quando chamado pelo nome: a criança pode parecer desatenta, pois não atende quando é chamada pelo nome.
5. Dificuldade em atenção compartilhada: não demonstra interesse em brincadeiras coletivas e parece não entender a brincadeira.
6. Atraso na fala: criança acima de dois anos que não fala palavras ou frases.
7. Não usar a comunicação não-verbal: não usa as mãos para indicar algo que quer.
8. Comportamentos sensoriais incomuns: se incomoda com barulhos altos, por vezes colocando as mãos nos ouvidos diante de tais estímulos; não gosta do toque de outras pessoas, irritando-se com abraços e carinho.
9. Não brinca de faz de conta: não cria suas próprias histórias e não participa das brincadeiras dos colegas. Também não utiliza brinquedos para simbolizar personagens. Suas brincadeiras costumam ser solitárias e com partes de brinquedos, como a roda de um carrinho ou algum botão.
10. Movimentos estereotipados: apresenta movimentos incomuns, como chacoalhar as mãos, balançar-se para frente e para trás, correr de um lado para outro, pular ou girar sem motivos aparentes. Os movimentos podem se intensificar em momentos de felicidade, tristeza ou ansiedade.
“Não há medicação para o TEA, mas há casos em que são necessárias medicações para controlar quadros associados ao autismo, como insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, atitudes agressivas, falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raiva e comportamentos repetitivos. Em alguns casos, o indivíduo desenvolve problemas psiquiátricos”, explica Marina.
O acompanhamento do autismo baseia-se em estratégias como:
Treinamento dos pais: é a família que mais interage e estimula o comportamento das crianças, portanto, um tratamento eficaz depende do auxílio dos familiares e amigos.
Análise Aplicada do Comportamento (ABA): a Metodologia de Análise Aplicada do Comportamento (ABA -- Applied Behavior Analysis) é um conjunto de procedimentos aplicados com o intuito de melhorar o comportamento socialmente adaptável e a aquisição de novas habilidades por meio de práticas intensas.
Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação (TEACCH): é um programa desenvolvido para educadores. Desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e iniciado em 1972 por Eric Schopler, tem sido amplamente incorporado nos contextos educativos e contribuído para uma base concreta de intervenções do autismo. É também chamado de estrutura de ensino, pois de baseia na evidência e observação de que indivíduos com autismo compartilham um padrão de comportamento semelhante na maioria dos casos.
Psicoterapia em abordagem cognitivo-comportamental (TCC): a abordagem psicológica demonstra ter eficácia nos quadros de ansiedade, autoajuda e habilidades de vida diária.
Referência nacional na inclusão de pessoas com deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e doenças raras, o IJC conta com uma equipe multidisciplinar de especialistas que investigam sinais característicos do TEA em crianças, jovens e adultos. Os atendimentos podem ser realizados no Instituto Jô Clemente (IJC) por meio de consultas particulares.
O Instituto Jô Clemente (IJC) é uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que há mais de 61 anos promove saúde e qualidade de vida às pessoas com deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e doenças raras, além de apoiar a sua inclusão social e a defesa de direitos, disseminando conhecimento por meio de pesquisas científicas. Com o pioneirismo e a inovação como premissas, propicia o desenvolvimento de habilidades e potencialidades que favoreçam a escolaridade e o emprego apoiado, além de oferecer assessoria jurídica às famílias sobre os direitos das pessoas com deficiência intelectual.