O psicólogo Fábio Coelho, especialista em Transtorno do Espectro Autista, explica quais os impactos positivos dessas novas diretrizes
Redação Publicado em 02/12/2024, às 06h00
Em novembro, o ministro da Educação, Camilo Santana, homologou novas diretrizes para a educação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Entre as principais alterações, está a implementação de um estudo de caso individual, documento que avaliará a adaptação do aluno à escola, suas relações com colegas e professores, além do suporte familiar. Essa etapa será crucial para a elaboração de dois planos: o Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) e o Plano de Educação Individualizado (PEI), ambos focados em eliminar barreiras no aprendizado e personalizar o currículo.
Mas, na prática, como isso irá interferir no dia a dia dessas pessoas? Para o psicólogo Fábio Coelho, especialista em Transtorno do Espectro Autista, essa individualização não apenas melhora o aprendizado, mas também o desenvolvimento social e emocional da criança. “Muitas vezes, a falta de suporte adequado impede que o potencial do estudante seja plenamente explorado, mas eu reforço que cada indivíduo é único, possui um diagnóstico e uma intervenção personalizada. Isso significa que é importante verificar e identificar o que cada pessoa realmente precisa”, afirma o sócio-diretor da Academia do Autismo e da Clínica Mosaico. Com o PEI, cada aluno terá acesso a estratégias adaptadas para superar desafios específicos, desde a utilização de tecnologias assistivas até ajustes no ambiente escolar.
Outra mudança é a obrigatoriedade de avaliar a necessidade do acompanhamento de profissionais de apoio escolar, responsáveis por garantir a inclusão do aluno e promover um ambiente onde seja garantida a interação com outros estudantes, além de fornecer a assistência necessária. As alterações também vão reforçar a “proteção social e articulação intersetorial”, estratégias para oferecer um acompanhamento integral e eficiente. Para pessoas com TEA, essa articulação é essencial, pois elas, frequentemente, precisam de suporte de múltiplos serviços.
Diante da adoção dessas diretrizes, espera-se que a rotina dos alunos autistas nas escolas se torne mais inclusiva, valorizando suas habilidades e potencialidades. Para Fábio, certamente os impactos poderão ser vistos para além da sala de aula: “A escola é um espelho da sociedade. Garantir que crianças com autismo sejam acolhidas e apoiadas é um passo para construir uma sociedade mais inclusiva e preparada para valorizar a diversidade”, conclui.