Especialista em medicina do sono explica como o quarto compartilhado pode oferecer segurança e proximidade sem os riscos de dormir na cama dos pais
Redação Publicado em 18/09/2025, às 06h00

O hábito de dormir com os pais, comum em muitas famílias brasileiras, tem sido alvo de debates entre especialistas. Embora culturalmente visto como forma de proximidade e afeto, pesquisas recentes mostram que o cochilo na mesma cama pode trazer riscos tanto psicológicos quanto médicos para as crianças.
Segundo a médica do sono Dra. Cris Herreira, formada pela Faculdade de Medicina de Catanduva e com capacitação pelo Instituto do Sono de São Paulo, a literatura científica é clara: “O que se recomenda é o quarto compartilhado, em que o bebê ou a criança dorme em seu próprio berço ou cama no mesmo ambiente dos pais. Isso promove segurança, vínculo e supervisão, mas sem os riscos da cama compartilhada”, afirma.
Estudos publicados na Pediatrics (revista da Academia Americana de Pediatria) mostram que o sono na mesma cama aumenta o risco de morte súbita infantil (SMSI), sufocamento acidental e quedas, especialmente em bebês com menos de 1 ano. A cama dos pais não é adaptada para a anatomia e segurança das crianças, que podem se enrolar em cobertores ou ser comprimidas involuntariamente durante a noite.
Além dos riscos imediatos, outras pesquisas apontam que a cama compartilhada pode prejudicar a qualidade do sono infantil, com despertares frequentes e menor tempo em sono profundo. Isso afeta processos de memória, aprendizado e crescimento.
“Do ponto de vista médico, o sono é tão essencial quanto a nutrição. Alterações na arquitetura do sono infantil podem impactar no desenvolvimento neurológico e até na regulação hormonal”, explica a Dra. Cris.
Impactos psicológicos e de autonomia
Além das questões médicas, especialistas em psicologia do desenvolvimento alertam para o risco de dependência excessiva. Crianças que dormem na cama dos pais por períodos prolongados podem apresentar mais dificuldade em desenvolver autonomia e segurança emocional.
“A melhor forma de oferecer segurança e proximidade é manter o bebê no mesmo quarto, mas em superfície adequada e individual. Essa prática une o que há de mais importante: vínculo, supervisão e saúde”, reforça a especialista.
O recado da ciência é objetivo: dormir junto pode parecer um gesto de cuidado, mas é no sono seguro e estruturado que se constrói uma infância mais saudável.
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