Mariana Kotscho
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Câncer de mama: a conscientização começa na adolescência

Falar sobre câncer de mama desde a adolescência é fortalecer o autoconhecimento, o autocuidado e a prevenção para toda a vida

Redação Publicado em 16/10/2025, às 06h00

seis mulheres de variadas idades com camisetas de Outubro Rosa
A informação e a educação em saúde devem começar ainda na adolescência - Foto: Canva Pro

O câncer de mama é a doença mais comum entre mulheres globalmente, e especialistas defendem que a educação sobre o tema deve começar na adolescência, promovendo o autocuidado e o autoconhecimento entre jovens.

A Dra. Ana Paula Fonseca destaca que a abordagem deve ser natural e integrada a outros aspectos da saúde feminina, como menstruação e higiene, para que as adolescentes se sintam empoderadas e não intimidadas.

Medidas como a promoção de hábitos saudáveis e a conscientização sobre o uso de hormônios são essenciais, pois a adolescência é um período crucial para a formação de comportamentos que impactam a saúde futura das mulheres.

Resumo gerado por IA

O câncer de mama é a doença que mais atinge mulheres em todo o mundo e, por isso, campanhas de conscientização como o Outubro Rosa têm grande relevância social. No entanto, falar sobre o tema apenas na vida adulta pode ser um equívoco. Segundo especialistas, a informação e a educação em saúde devem começar ainda na adolescência — fase em que os hábitos de cuidado com o corpo e a saúde estão em formação.

Para a Dra. Ana Paula Fonseca, ginecologista especialista em jovens e adolescentes, o segredo está na forma como o assunto é abordado: “Não devemos trazer o câncer de mama para adolescentes como uma ameaça iminente, mas sim como parte de uma educação em saúde que estimula o autoconhecimento e o autocuidado”, explica.

Segundo a médica, o ideal é inserir o tema dentro de um contexto mais amplo de saúde da mulher, junto a informações sobre menstruação, mudanças hormonais e higiene íntima. “Quando falamos de forma natural, sem dramatizar, as adolescentes entendem que conhecer o próprio corpo é algo positivo, que as fortalece e não que assusta”, afirma Dra. Ana Paula.

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Ela ressalta que o objetivo não é que meninas passem a procurar sinais de câncer precocemente, já que a doença é rara nessa faixa etária, mas sim que aprendam a observar seu corpo e valorizem consultas médicas regulares.

A adolescência é o momento ideal para consolidar comportamentos de prevenção que podem reduzir riscos futuros. De acordo com a ginecologista, o estilo de vida tem impacto direto na saúde das mamas. “Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regular, evitar o tabaco e o consumo precoce de álcool são atitudes que protegem não só contra o câncer de mama, mas contra várias outras doenças”, explica.

Outro fator que merece atenção é a obesidade precoce, cada vez mais comum em adolescentes brasileiras. “O excesso de peso aumenta a produção de estrogênio pelo tecido adiposo, o que pode impactar negativamente na saúde futura da mulher”, alerta a médica.

O uso de hormônios, como anticoncepcionais, também deve ser acompanhado de perto. “É importante que esse tipo de medicação seja prescrito com orientação médica adequada, avaliando riscos, benefícios e o histórico de cada paciente. O uso indiscriminado pode trazer consequências a longo prazo”, completa Dra. Ana Paula Fonseca.

Além dos hábitos saudáveis, o estímulo ao autoconhecimento é essencial. “Ensinar que tocar as próprias mamas, perceber mudanças no corpo e não ter vergonha de conversar sobre isso são atitudes que empoderam as adolescentes. Isso cria uma relação de confiança com a saúde e torna muito mais natural procurar ajuda médica quando necessário”, explica a ginecologista.

Segundo Dra. Ana Paula Fonseca, quando a adolescente aprende a ver o cuidado com a saúde como parte da vida, sem peso ou tabu, ela leva esse conhecimento para a vida adulta e também influencia amigas e familiares. “A conscientização começa em casa e na escola, mas pode se espalhar em rede. Uma adolescente informada de hoje será uma mulher adulta mais atenta e responsável com sua saúde amanhã”, conclui.

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