Dr. José Carlos Sadalla explica como a terapia, que dura anos, atua como coadjuvante para prevenir a reincidência de tumores hormônio-dependentes
Redação Publicado em 07/07/2025, às 06h00
Para muitas pacientes que enfrentam o diagnóstico de câncer de mama, o fim do ciclo inicial de tratamento com cirurgia, quimio ou radioterapia é apenas o começo de uma nova e importante etapa: a terapia hormonal. O Prof. Dr. José Carlos Sadalla, especialista em Mastologia e Oncoginecologia, esclarece o funcionamento e a importância deste tratamento de longa duração.
Muitos tumores ginecológicos, especialmente os de mama, são classificados como "hormônio-dependentes" ou "receptor de hormônio positivo". Isso significa que hormônios como o estrogênio e a progesterona podem se ligar às células cancerígenas e estimular seu crescimento e multiplicação. A terapia hormonal age justamente para quebrar essa conexão.
O tratamento funciona de duas maneiras principais: alguns medicamentos, como o tamoxifeno, atuam como moduladores seletivos, "ocupando" os receptores de estrogênio nas células tumorais e impedindo que o hormônio natural se ligue a elas. Outra classe de medicamentos, conhecida como inibidores de aromatase, age reduzindo a produção de estrogênio no corpo, diminuindo assim a quantidade de "combustível" disponível para o tumor.
Um dos pontos que mais gera dúvidas nas pacientes é a necessidade de manter o tratamento hormonal por um longo período, que frequentemente varia de cinco a dez anos. Essa duração não é arbitrária, mas sim baseada em estudos clínicos que comprovam sua eficácia na prevenção de recidivas.
"É fundamental que a paciente compreenda a terapia hormonal como um tratamento de segurança, um guardião contra a volta da doença", explica o Prof. Dr. José Carlos Sadalla, da Clínica Andrade & Sadalla. "As células cancerígenas podem permanecer 'adormecidas' no corpo por anos após o tratamento inicial. A terapia hormonal cria um ambiente desfavorável para que elas voltem a crescer, diminuindo o risco de uma recidiva tardia. A adesão rigorosa e contínua, pelo tempo recomendado pelo oncologista, é o que garante a máxima eficácia e a tranquilidade da paciente a longo prazo."
A decisão sobre o tipo de medicamento e a duração exata do tratamento é sempre individualizada, levando em conta o tipo de tumor, o estadiamento da doença, o status da menopausa da paciente e seus fatores de risco. Por isso, o acompanhamento médico regular e uma comunicação aberta entre médico e paciente são essenciais durante todo o processo.