Mais do que preparar para o futuro, a educação socioemocional ensina a ser para aprender a viver com empatia, consciência e humanidade
Candelária Janoni* Publicado em 15/10/2025, às 18h15
A educação socioemocional, que se desenvolveu a partir de 1994 nos Estados Unidos com a criação do CASEL, busca integrar habilidades emocionais e sociais ao aprendizado, promovendo uma formação mais completa dos estudantes.
Fundamentada nos quatro pilares da educação propostos pela UNESCO em 1996, essa abordagem enfatiza competências como autoconhecimento, empatia e responsabilidade, essenciais para a convivência e o desenvolvimento pessoal.
Práticas como contação de histórias, rodas de conversa e projetos coletivos têm sido implementadas nas escolas para fortalecer essas habilidades, preparando os alunos não apenas para o futuro, mas para uma convivência mais humana e consciente no presente.
Educar a mente sem educar o coração não é educar." — Aristóteles
A frase do filósofo grego nos convida a refletir sobre o verdadeiro sentido da educação. Mais do que transmitir conteúdos acadêmicos, educar também significa formar seres humanos capazes de lidar com sentimentos, valores e relações. É nesse contexto que se insere a educação socioemocional, um caminho que busca desenvolver tanto a mente quanto o coração.
A educação socioemocional começou a ganhar forma em 1994, nos Estados Unidos, com a criação do CASEL (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), organização que propôs integrar as dimensões emocionais e sociais ao aprendizado escolar.
Poucos anos depois, em 1996, o tema foi reforçado pela UNESCO, no Relatório Delors, elaborado pelo filósofo francês Jacques Delors. Nele, surgiram os quatro pilares da educação para o século XXI:
Essas aprendizagens fundamentais continuam atuais e são a base para políticas educacionais e práticas escolares que buscam preparar crianças e jovens de forma integral.
Mais do que um conceito, a educação socioemocional se concretiza em competências essenciais para a vida, como:
Em um mundo cada vez mais preocupado com as habilidades cognitivas, torna-se urgente lembrar que as socioemocionais não competem, mas complementam as cognitivas.
Na escola, essas habilidades se revelam em atitudes, valores e comportamentos que podem ser aprendidos e experimentados na relação com o outro e com o espaço.
Algumas práticas que fortalecem o socioemocional são:
Essas experiências mostram que não existem respostas “certas” ou “esperadas”, mas sim espaços de reflexão, debate e acolhimento.
Quando os alunos aprendem a reconhecer e a acolher suas emoções, tornam-se mais preparados para a vida. Entendem que o outro é diferente, mas igualmente digno de respeito. Descobrem que conviver é tão importante quanto aprender a ler ou a calcular.
Assim, o socioemocional deixa de ser apenas uma proposta pedagógica para se tornar um modo de ser e estar no mundo: mais consciente, empático e humano.
Mais do que preparar para o futuro, a educação socioemocional ensina a ser mais humano no presente. E esse é, sem dúvida, o maior aprendizado que a escola pode oferecer.
*Candelária Janoni é pedagoga e especialista em educação socioemocional
Quer incentivar este jornalismo sério e independente? Você pode patrocinar uma coluna ou o site como um todo. Entre em contato com o site clicando aqui.