O que os homens podem aprender com liderança das mulheres?

Olhando para a sociedade atual e avaliando os dados relacionados ao bem-estar dos homens em comparação com as mulheres, a situação masculina não é boa. Quando a gente olha os números em relação a suicídios, homens se matam de 2 a 4 vezes mais que as mulheres, demonstrando um sofrimento muito mais frequente entre os homens. O suicídio não é o único problema significativo, a frequência de acidentes fatais também é muito maior entre os homens, refletindo um processo de decisão que subestima os riscos, principalmente entre os homens jovens. Infelizmente as más notícias não param por aí, quando observamos o encarceramento: para cada mulher encarcerada, existem entre 10 e 20 homens.

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Dependência de drogas, violência física, alcoolismo, entre outras estatísticas, também não apontam para uma socialidade saudável entre os homens. Outra estatística que assusta é a frequência de envolvimento em movimentos radicais, gangues, partidos de extrema direita ou de extrema esquerda e terrorismo. Frequentemente os movimentos extremistas e violentos parecem ser monopólio de homens jovens. Estes números não são tão ruins para os homens em países desenvolvidos, onde a liberdade e a inclusão feminina são muito mais profundas. A condição masculina é muito melhor em países desenvolvidos com índices elevados de liberdade e inclusão feminina.

A observação de que os homens geralmente apresentam resultados estatísticos piores em áreas como suicídio, acidentes, violência, corrupção e vício é causada por vários fatores:

• Expectativas e normas sociais - Masculinidade tóxica: os papéis tradicionais de gênero geralmente determinam que os homens devem ser fortes, independentes e emocionalmente rígidos. Isso pode levar os homens a internalizarem emoções, levando ao aumento do risco de problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, que podem contribuir para uma socialidade doente e maior risco de dependência química e suicídio.
• Comportamento de risco: as expectativas sociais podem encorajar os homens a se envolverem em comportamentos de risco, como direção imprudente ou abuso de substâncias, aumentando sua probabilidade de acidentes ou vício.
• Fatores econômicos
  • o Os homens podem enfrentar maiores pressões financeiras, como ser o principal ganha-pão, o que pode contribuir para o estresse, depressão e abuso de substâncias.
  • o Os homens são mais propensos a trabalhar em ocupações fisicamente exigentes ou perigosas, o que pode aumentar o risco de acidentes e ferimentos.
• Fatores psicológicos
  • o Os homens geralmente são menos propensos a procurar ajuda para problemas de saúde mental devido ao estigma social, levando a condições não tratadas que podem aumentar o risco de suicídio e outros problemas.
  • o Comportamento impulsivo que pode contribuir para a tomada de decisões arriscadas e maior probabilidade de acidentes e vício.
• Fatores biológicos
  • o As diferenças hormonais entre homens e mulheres podem desempenhar um papel em certos comportamentos, como a tomada de riscos e a violência.
  • o Os fatores genéticos podem contribuir para as diferenças na suscetibilidade ao vício e aos transtornos de saúde mental.

Os 20 países mais desenvolvidos e os 20 países com os maiores índices de liberdade e inclusão feminina são praticamente os mesmos. O impacto social da liberdade, inclusão e liderança feminina é transformador. A liderança feminina abrange qualidades como empatia, colaboração e foco em relacionamentos. Essas qualidades podem oferecer benefícios significativos à sociedade:

• Melhoria na tomada de decisões
  • o A liderança feminina geralmente traz uma perspectiva única para a tomada de decisões, considerando as necessidades e experiências de uma gama mais ampla de indivíduos.
    • Maior empatia e compreensão
    • Maior cuidado na avaliação de riscos
  • Aprimoramento da colaboração e do trabalho em equipe
    • o Menor competitividade
    • o Construção de relacionamentos
    • o Resolução de conflitos
  • Maior justiça social e igualdade
    • o Defender grupos marginalizados e promover a justiça social.
    • o Empatia e compreensão podem levar a políticas mais inclusivas e equitativas.
  • Melhor bem-estar e qualidade de vida
    • o Enfatizando cuidado e compaixão
    • o Equilíbrio entre vida profissional e pessoal
  • Benefícios econômicos
    • o Inovação e criatividade.
    • o Prevenir a corrupção e promover a transparência nos negócios e no governo.

Onde os homens poderiam aprender com as mulheres?

Os homens poderiam se beneficiar muito caso aprendessem o valor de pedir ajuda e demonstrar vulnerabilidade, cultivando relacionamentos mais íntimos e menos competitivos. Outro ponto importante, seria a possibilidade de treinar metacognição e aumentar a reflexão para melhorar a avaliação do risco e o processo de decisão entre os homens, habilidades que as mulheres teriam uma influência positiva. Além disso, os homens poderiam aprender com as mulheres a construir uma socialidade mais saudável e robusta, avaliar o risco de uma forma mais objetiva, reduzir a competitividade, consolidar as colaborações, facilitar a comunicação mais aberta e transparente, entre outras habilidades.

Acredito que fortalecer a liderança feminina na sociedade, nos negócios e na política é uma das ações mais transformadoras que poderíamos fazer nos dias de hoje. O mundo seria muito melhor caso houvesse um maior número mulheres qualificadas liderando. Ao incentivar a diversidade na liderança com a inclusão ativa das mulheres, poderemos criar um mundo mais inclusivo, equitativo e próspero. Todos irão se beneficiar do fortalecimento da liderança feminina, principalmente os homens.

Por favor me enviem sugestões, críticas construtivas e perguntas. Para concluir, caso você ache que este é um assunto que vale a pena, me siga no Instagram @kaldconexaosapiens e por favor espalhe essa notíciae. Tem um novo podcast - Conexão Sapiens: a ciência desvendando você.

Um grande abraço do Kald.

Podcast Conexão Sapiens – A ciência desvendando você! No episódio 15 discuti em mais profundidade este assunto

Meu nome é Kald Abdallah, sou paranaense, cresci numa cidade pequena no norte do Paraná chamada Borrazópolis. Eu sou médico formado pela Universidade Estadual de Londrina (minha querida UEL). Fiz residência e doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, em Boston nos EUA. Já trabalhei na prática clínica, como professor de medicina, executivo e pesquisador. Há 23 anos me dedico a luta contra o câncer, nos últimos 17 anos morando e trabalhando aqui nos EUA.

Recentemente, comecei um projeto que tem sido uma verdadeira paixão para mim: o Conexão Sapiens – A ciência desvendando você! É um podcast que busca ir além das estórias passageiras, oferecendo uma exploração profunda e duradoura com o objetivo de sintetizar a ciência no apoio a sua jornada de crescimento social, pessoal e cognitivo. Esta síntese é o resultado de mais de 2 décadas de estudo.

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