Doença inflamatória crônica afeta principalmente mulheres e exige um tratamento que vai muito além da cirurgia. Entenda medidas que ajudam
Jacqueline Tedim* Publicado em 20/06/2025, às 10h00
O lipedema é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente mulheres. Muitas vezes confundido com obesidade ou celulite, é uma condição que exige atenção especializada e um tratamento que vai além da estética ou de intervenções cirúrgicas. O ponto de partida? O controle da inflamação — e isso começa com mudanças no estilo de vida.
A alimentação tem papel central nesse processo. Não se trata de uma dieta para emagrecer, mas sim de um plano alimentar anti-inflamatório, que contribui para a redução dos sintomas e para a melhora da qualidade de vida. Vegetais, frutas de baixo índice glicêmico, proteínas magras, oleaginosas, azeite de oliva, chás e temperos como cúrcuma e gengibre são grandes aliados.
Outro ponto fundamental é a saúde intestinal. Enquanto a recomendação geral de fibras gira em torno de 25g por dia, pessoas com lipedema devem consumir, no mínimo, 30g diárias. Frutas, verduras, legumes e, em alguns casos, suplementação de fibras, são estratégias eficazes para melhorar o trânsito intestinal e reduzir a inflamação sistêmica.
A conexão entre intestino e inflamação é direta: um intestino desequilibrado pode intensificar os processos inflamatórios, afetar a imunidade e agravar os sintomas da doença. Por isso, tratar o intestino é tratar o lipedema.
Alguns suplementos vêm sendo utilizados como coadjuvantes no tratamento do lipedema. Entre os mais promissores:
- Ômega 3: anti-inflamatório natural.
- Cúrcuma (curcumina): reconhecida por sua ação anti-inflamatória.
- Resveratrol: antioxidante que combate o estresse oxidativo.
- Creatina: auxilia na função mitocondrial, frequentemente comprometida em pacientes com lipedema — o que explica parte da dificuldade no emagrecimento.
A prescrição deve sempre ser individualizada e acompanhada por profissional qualificado.
A atividade física também é essencial no manejo do lipedema. Movimentos na água, como hidroginástica ou natação, são especialmente recomendados por gerarem menos impacto nas articulações e favorecerem o retorno venoso. No entanto, toda forma de movimento é bem-vinda, desde que respeite os limites e necessidades de cada paciente.
A chave é manter o corpo ativo de forma constante, consciente e adaptada.
O lipedema é uma condição ainda pouco compreendida e, muitas vezes, negligenciada. Mas é real. E dolorosa. Exige um olhar atento, empático e, principalmente, intervenções que vão além do superficial. Informar é o primeiro passo. Tratar com responsabilidade e acolhimento é o segundo.
Não se trata de frescura, preguiça ou vaidade — trata-se de uma doença crônica que impacta profundamente o dia a dia de quem convive com ela. E como toda doença, merece atenção, cuidado e respeito.
*Jacqueline Tedim é nutricionista funcional com foco em doenças autoimunes, lipedema e emagrecimento baseado na redução da inflamação. Atua com abordagem integrativa e humanizada, aliando ciência, escuta ativa e estratégias nutricionais personalizadas. Atende presencialmente e online.
*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres