A maternidade pode ser um espaço de amor e confiança, superando o medo que faz controlar tudo
Juliana Honorato Publicado em 21/11/2025, às 06h00

A maternidade é um equilíbrio entre amor e medo, especialmente para mães de crianças neurodivergentes, que tendem a querer controlar tudo para proteger seus filhos.
Educar envolve testemunhar o desenvolvimento da criança, promovendo um vínculo de confiança e amor, ao invés de impor regras rígidas.
O autoconhecimento é essencial para as mães, pois permite que elas se acolham e, assim, ofereçam uma presença mais confiante e amorosa aos filhos, reconhecendo que a vida também ensina.
Ser mãe é viver entre o amor e o medo.
Queremos tanto acertar, proteger, fazer o melhor para nossos filhos que, sem perceber, passamos a tentar controlar tudo! E se você for uma mãe de uma criança neurodivergente com TEA, TDAH, Dislexia ou com Altas Habilidades e Superdotação talvez tenha mais tendência ainda a querer controlar tudo o tempo todo.
Como seria se em vez de tentar controlar você buscasse acompanhar, confiar ou estar presente?
Controlar nasce do medo: medo de que o filho sofra, de que se perca, de que não seja feliz, de que sofra bullying, de que se decepcione. Acompanhar nasce do amor e da confiança na vida, no processo e no que plantamos com presença.
Educar não é moldar uma criança para caber no mundo. É testemunhar o florescimento de uma alma, sem querer decidir o formato das pétalas. Quando entendemos isso, a maternidade deixa de ser um campo de exigência e se transforma num território de confiança, de crescimento pessoal e espiritual.
Acompanhar é estar junto, não à frente. É observar o que o filho sente e não apenas o que ele diz. É perceber que o amor não se mede pela quantidade de regras, mas pela qualidade do vínculo.
Para isso, é preciso espaço interno e muita confiança dessa mãe em si mesma e na vida. Uma mãe que vive exausta, cheia de culpa e autocobrança, não consegue escutar nem o filho, nem a si mesma. Já uma mãe que se acolhe, que se cuida, que se conhece, que se aceita, que se perdoa, consegue criar uma presença viva e real e essa presença passa confiança para o filho além de ser um instrumento vivo de cura.
Muitas mulheres me dizem: “Quero entender meu filho melhor.” E eu sempre respondo: “Comece por se entender”. O autoconhecimento não é um luxo: é o maior presente que uma mãe pode dar a um filho. Quando nos olhamos com verdade, deixamos de projetar nossos medos sobre eles.
Acompanhar é confiar que a vida também educa. Que a frustração ensina. Que o erro amadurece (mesmo que soframos ao ver nossos filhos sofrerem).
Educar é um ato de confiança no processo da vida. Confiança de que o amor que oferecemos é suficiente. Confiança de que o caminho deles é deles. Confiança de que eles são capazes e que o nosso papel é estar por perto, com o coração aberto, para quando precisarem voltar.
Porque, no fim, educar é caminhar ao lado sem amarras, sem julgamentos, mas com amor, com leveza e consciência.
*Juliana Honorato é terapeuta sistêmica, de libertação de traumas, terapeuta do Método Louise Hay e especialista em Altas Habilidades e Superdotação, além de Mentora de vida e carreira.
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