A psicóloga Maria Klien destaca que canabinóides podem regular o apetite e reduzir a ansiedade, fatores críticos em distúrbios alimentares
Redação Publicado em 05/06/2025, às 06h00
Os distúrbios alimentares, como anorexia nervosa, bulimia e transtorno da compulsão alimentar, são condições que afetam uma parte da população mundial, impactando não apenas o comportamento alimentar, mas também a saúde mental e física dos indivíduos. Essas doenças têm sido associadas a um ciclo complexo de fatores emocionais, biológicos e psicológicos, tornando o tratamento um desafio multifacetado. Recentemente, a cannabismedicinal tem sido estudada como uma alternativa para auxiliar no tratamento desses transtornos, oferecendo uma abordagem inovadora para promover o equilíbrio e a recuperação.
Para Maria Klien, psicóloga e especialista em medos e ansiedade, o uso terapêutico de canabinóides pode ser um aliado importante no tratamento. “Estudos recentes mostram que a cannabis pode ajudar a regular o apetite e reduzir a ansiedade, fatores que frequentemente desencadeiam os episódios de compulsão alimentar ou a recusa alimentar em pacientes com anorexia”, explica a especialista.
Um dos compostos mais estudados é o CBD (canabidiol), que vem mostrando efeitos positivos na modulação do estresse e na redução da ansiedade – ambos fatores que desempenham um papel importante no agravamento dos distúrbios alimentares.
“O CBD pode atuar diretamente no sistema endocanabinoide do corpo, promovendo o equilíbrioemocional e ajudando os pacientes a lidarem com os gatilhos psicológicos desses transtornos”, afirma Maria Klien.
Além disso, o THC (tetra-hidrocanabinol) tem demonstrado eficácia em melhorar o apetite e reduzir asensação de náusea (um sintoma comum em pacientes com anorexia e bulimia).
Pesquisas realizadas nos últimos anos indicam que a combinação de canabinóides pode ser eficaz na restauração do apetite e promoção do bem-estar psicológico em pacientes com distúrbios alimentares. Estudos em animais e humanos sugerem que a cannabisregula os circuitos cerebrais responsáveis pela alimentação, fornecendo um tratamento eficaz e menos invasivo.
A especialista alerta que, apesar dos resultados promissores, a utilização da medicação deve ser acompanhada por profissionais da saúde. “Cada paciente é único, e o tratamento deve ser individualizado. A cannabismedicinal pode ser uma ferramenta útil, mas deve sempre ser aplicada como parte de uma abordagem terapêutica integrada, envolvendo acompanhamento psicológico e nutricional”, ressalta a especialista.