A leitura na infância fortalece a criatividade, a concentração e a imaginação, ajudando no desenvolvimento saudável das crianças
Redação Publicado em 24/10/2025, às 06h00
O aumento do acesso à internet entre crianças brasileiras, que saltou de 9% para 44% na faixa de 0 a 2 anos em nove anos, levanta preocupações sobre o desenvolvimento cognitivo infantil, conforme alertam especialistas sobre os riscos do uso excessivo de tecnologia.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria indicam que a exposição a telas deve ser evitada antes dos 2 anos e limitada nas idades seguintes, mas muitas crianças ultrapassam essas recomendações, o que pode impactar negativamente suas habilidades cognitivas e sociais.
Para mitigar esses efeitos, especialistas sugerem estabelecer limites de tempo de tela, criar rotinas de leitura e transformar a leitura em uma atividade lúdica, promovendo um equilíbrio saudável entre o uso de tecnologia e atividades que estimulem a imaginação e a criatividade das crianças.
Vivemos em um mundo hiperconectado, no qual o contato com a tecnologia acontece cada vez mais cedo. É comum vermos crianças pequenas manuseando tablets e celulares — muitas vezes com o incentivo dos próprios pais. Embora o digital traga benefícios, ele também pode trazer riscos, como atrasos no desenvolvimento cognitivo. Por isso, é essencial fortalecer o vínculo das crianças com atividades que estimulem a criatividade e a imaginação, como brincadeiras e, sobretudo, a leitura.
De acordo com dados divulgados em 2024 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), em apenas nove anos o acesso à internet entre crianças disparou: na faixa de 0 a 2 anos, passou de 9% para 44%; entre 3 e 5 anos, de 26% para 71%; e, entre 6 e 8 anos, de 41% para 82%.
No entanto, os números preocupam por fugirem das recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que orienta evitar qualquer exposição antes dos 2 anos e um tempo limitado de telas nas demais faixas etárias. Na prática, o uso costuma ultrapassar — e muito — o indicado. Nesse cenário, atividades lúdicas e a leitura surgem como alternativas saudáveis para reduzir o tempo de tela na infância.
"O ato de ler não só favorece a concentração, mas também ajuda a ampliar o vocabulário, estimula a criatividade e fortalece a imaginação, habilidades que dificilmente são exercitadas diante de conteúdos rápidos e fragmentados do ambiente digital”, explica Laura Vecchioli do Prado, coordenadora de Literatura e Informativos do Editorial de Educação Básica da SOMOS Educação.
Pensando nisso, a coordenadora reuniu três dicas práticas para incentivar a leitura e equilibrar o uso de computadores, tablets e celulares no cotidiano das crianças:
1 – Estabeleça um limite de tempo de tela
Mais do que introduzir as crianças aos livros, é importante estabelecer limites saudáveis de tempo de tela, ensinando os pequenos não só a respeitar regras, mas também a apreciar momentos de concentração, imaginação e diversão off-line.
A SBP recomenda nenhuma exposição antes dos2 anos; de 2 a 5 anos, no máximo até uma hora por dia; e entre 6 e 10 anos, de uma a três horas diárias.
2 – Crie uma rotina de leitura
Um cantinho aconchegante, obras adequadas à faixa etária e um horário reservado podem transformar a leitura interessante para a criança. Ler em voz alta antes de dormir, por exemplo, ajuda a criança a relaxar e se desconectar das telas. Com o tempo, elas podem passar a ler sozinhas, fortalecendo a autonomia e o prazer pela leitura.
3 – Transforme o hábito de ler em brincadeira
Para atrair a atenção das crianças, encenações com fantoches, fantasias e até teatro improvisado são ótimas opções. Uma alternativa é sugerir que, após a história, as crianças façam um desenho inspirado na narrativa ou participem de rodas de leitura com amigos e vizinhos.
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