Estudo publicado na revista Psychological Bulletin revelou que, desde 2019, a incidência de dor crônica entre adultos aumentou de 21% para 24%
Redação Publicado em 16/12/2024, às 06h00
Um estudo recente publicado na revista Psychological Bulletin, com base na pesquisa National Health Interview Survey realizada nos EUA, revelou que, desde 2019, a incidência de dor crônica entre adultos aumentou de 21% para 24%. Esse crescimento representa aproximadamente 10 milhões de pessoas a mais sofrendo com o problema. O estudo atribui esse aumento a fatores sociais e médicos agravados pela pandemia de Covid-19.
Os dados mostram que, enquanto as taxas de dor crônica se mantiveram estáveis entre 2019 e 2021, houve um salto significativo em 2023. Naquele ano, cerca de 60 milhões de adultos nos Estados Unidos viviam com dor crônica, sendo 21 milhões classificados como casos de dor crônica de alto impacto, que limita severamente as atividades diárias. Hoje, a dor crônica não é apenas um sintoma, mas uma doença, segundo a OMS, e as mais comuns incluem aquelas nas costas, cabeça, ombros, abdômen e articulações, com exceção de dores dentárias e na mandíbula.
No Brasil, 37% dos brasileiros acima de 50 anos sofrem com dor crônica em 2023/24, de acordo com dados preliminares do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil). Esse quadro reflete a alta prevalência do problema entre a população idosa, especialmente mulheres e pessoas de baixa renda. Condições como artrite e dores na coluna estão entre as principais causas.
Segundo o fisioterapeuta Marco Antonio de Araújo, especialista em dor crônica e sócio fundador da Sociedade Brasileira de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), “a pandemia não apenas limitou o acesso a tratamentos, mas também agravou fatores como sedentarismo, estresse e problemas posturais, como permanecer muito tempo sentado, além de má qualidade do sono, que são gatilhos comuns para a dor crônica. Precisamos olhar para a dor crônica não apenas como um sintoma, mas como uma condição de saúde pública que exige estratégias multidisciplinares”.
O especialista também destaca a importância da fisioterapia no enfrentamento do problema: “O exercício físico é o tratamento não-farmacológico mais eficaz e em doses adequadas é essencial, não só para aliviar a dor, mas melhorar a funcionalidade e preservar a independência, autonomia e promover a qualidade de vida. O desafio é garantir acesso aos tratamentos com profissionais capacitados, especialmente nas redes públicas de saúde, onde muitos pacientes ainda sofrem sem assistência adequada”.
Com o envelhecimento da população e a persistência dos efeitos sociais e físicos da pandemia, o aumento nos casos de dor crônica demanda maior atenção de políticas públicas e uma abordagem preventiva que inclua atividades físicas regulares, educação e suporte emocional.