Entenda a quiropraxia e os cuidados necessários. Prática só pode ser usada por especialistas
Por Bianca Colisse* Publicado em 16/10/2024, às 06h00
A gravidez pode ser um momento incrível para novas famílias que estão sendo formadas ou ampliadas. Mas, muitas dores e desconfortos são sentidos ao longo dos meses, e existem diferentes alternativas para auxiliar neste processo. Uma delas é a quiropraxia.
Poucas pessoas conhecem ou sabem a real finalidade dessa profissão, que é relativamente nova no Brasil, com um pouco mais de 20 anos e reconhecimento recente do Ministério do Trabalho como ocupação. Trata-se de uma prática que consiste em ajustes na coluna que auxiliam o sistema neuro-músculo-esquelético. Como atende diferentes públicos, perfis e idades, os ajustes também podem ser destinados às mulheres grávidas, crianças e até aos próprios bebês. Os benefícios são diversos para os pacientes em cada faixa etária, porque promove a conexão do cérebro com o corpo.
A quiropraxia tem ficado cada vez mais famosa por meio das redes sociais, quando profissionais mostram em vídeo a prática sendo executada e o corpo do paciente sendo “estalado” e “colocado no lugar”. É preciso salientar que o ajuste pode ocorrer mesmo sem barulhos, afinal, os estalos são pequenas bolhas de ar que “estouram” nas articulações, e o que importa é devolver a funcionalidade e o bem-estar ao corpo dos atendidos.
Para cada tipo de público, o quiropraxista precisa fazer uma avaliação correta sobre o quadro e histórico de vida do paciente, a fim de identificar possíveis impedimentos antes dos ajustes e quais são as melhores técnicas a serem desenvolvidas no tratamento individualizado. A união de todos os sintomas que são apresentados durante uma anamnese feita pelo profissional é decisiva para saber se aquele paciente está apto ou não para a consulta. Qualquer grávida pode fazer as sessões desde que apresente uma gravidez tranquila e dentro da normalidade. Casos que apresentam alguma condição específica, deve haver o consentimento pelo médico que acompanha o quadro. E as vantagens são inúmeras para a gestante.
Com o crescimento da barriga, a lombar e a parte do dorsal da mulher são as áreas que ficam mais sobrecarregadas. A quiropraxia auxilia nas dores e corrige a movimentação na região, além ainda de aliviar a tensão muscular. A pressão pélvica, aumentada com o acréscimo do centro de gravidade da barriga, também pode ser atenuada. O mesmo ocorre em áreas da cervical da mulher. Ajuda ainda em dores de cabeça, que podem levar a quadros de enxaqueca ou cefaléia, descomprimindo os nervos, sem a necessidade de ingestão de medicamentos, geralmente restritos e utilizados sob supervisão médica.
No caso de mulheres que já fazem sessões regularmente de quiropraxia, quando engravidam, é recomendado manter a rotina dos ajustes para promover maior bem-estar durante a gestação. Para as mulheres que nunca se ajustaram e descobrem-se grávidas, é preferível não fazer ajustes no primeiro trimestre de gestação, por questões de segurança.
De toda forma, o profissional graduado deve sempre prestar atenção na paciente para saber, em primeiro lugar, se existiu alguma intercorrência em gestações passadas. Ou também se nesta, ou em outra gravidez, houve caso de descolamento de placenta, quadro de pernas inchadas, hipertensão, pré-eclâmpsia, perda de sangue, edemas fora do normal, corrimento escuro, cólicas fortes e frequentes. Soma-se a lista de possíveis contraindicações as dores de cabeça que nunca passam ou pouco movimento do bebê dentro da barriga. Todos são sinais de alertas para os ajustes e a mulher deve ser encaminhada para o médico obstetra.
A ansiedade do parto, e para conhecer o bebê, pode ser grande, até mesmo somada a outras questões da própria gestação ou preocupações com a vida. A quiropraxia é utilizada para ajudar, como em todos os outros casos, no atendimento de homens, idosos, mulheres não-grávidas, no relaxamento mental e corporal. Isso porque os ajustes regulam e equilibram os sistemas simpáticos e parassimpáticos, até mesmo de crianças e bebês.
E a prática pode ainda ajudar no parto. Isso porque existe uma técnica dentro da profissão que faz a liberação do ligamento redondo, que estimula o bebê a se posicionar de uma forma que facilite a sua saída. Porém, é necessário constância durante o período gestacional e não apenas uma sessão semanas antes do parto, apenas com este intuito. É claro que a quiropraxia é uma das formas que auxiliam as mães, e deve também ser somada ao conjunto de possibilidades disponíveis como fisioterapia pélvica, aquática, atividades físicas, terapias holísticas, a exemplo de acupuntura e ioga. Todas as práticas devem acompanhar uma boa qualidade de sono, alimentação balanceada, bem como hidratação adequada.
Todo cuidado é pouco e as pacientes, grávidas ou não, devem ter atenção ao escolher o profissional. É recomendado fazer uma pesquisa sobre a formação e cursos adicionais da pessoa escolhida, dentro e fora da ABQ - Associação Brasileira de Quiropraxia -, organização não-governamental e sem fins lucrativos, que reúne todas as informações sobre a prática. Os quiropraxistas formados aguardam, ansiosamente por uma regulamentação por meio do Projeto de Lei 114/2015. Por essa razão, ainda não foi criado um Conselho Federal da profissão com poder de fiscalizar a formação e prática de quem está atuando no mercado brasileiro sem graduação.
*Bianca Colisse é quiropraxista graduada pela Universidade Anhembi Morumbi, associada à Associação Brasileira de Quiropraxia (ABQ). Acupunturista pós-graduada pela Escola Brasileira de Medicina Chinesa (EBRAMEC). Profissional de Educação Física, graduada pela Faculdades Integradas de Santo André (FEFISA).