Descubra as fases do ciclo capilar e como a alopecia androgenética, ou calvície, afeta as mulheres após os 50 anos
Leticia Figueiredo* Publicado em 09/09/2025, às 09h23
Perder entre 50 e 100 fios de cabelo todos os dias faz parte do ciclo natural dos fios. Esse processo ocorre em três etapas bem definidas: a fase anágena, em que o cabelo está em crescimento ativo e pode durar de dois a seis anos; a fase catágena, uma fase de transição e pausa do crescimento, que dura algumas semanas; e a fase telógena, período de repouso em que o fio se solta e ocorre a queda, iniciando um novo ciclo. Porém, quando essa perda diária passa a ser percebida de forma constante e progressiva, principalmente no topo da cabeça, pode indicar alopecia androgenética, também conhecida como calvície feminina. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, essa condição acomete até 40% das mulheres após os 50 anos.
Na calvície feminina, ocorre a miniaturização progressiva dos folículos pilosos. Os fios vão se tornando cada vez mais finos e curtos, até cessar completamente o crescimento. Esse processo tem origem multifatorial. A predisposição genética é um fator importante, mas a sensibilidade dos folículos ao hormônio di-hidrotestosterona (DHT) é decisiva, pois altera a duração da fase anágena e antecipa a entrada na fase telógena, reduzindo gradativamente a densidade capilar. Alterações hormonais comuns no pós-parto, na perimenopausa e na menopausa podem acelerar essa evolução.
Além disso, deficiências nutricionais, como baixos níveis de ferro, zinco, vitamina D e vitaminas do complexo B, também podem agravar o quadro. O estresse crônico é outro fator relevante: ele estimula a liberação de mediadores inflamatórios que afetam negativamente o ciclo de crescimento. Algumas medicações, como antidepressivos e anticoncepcionais, e doenças da tireoide completam a lista de causas que precisam ser investigadas.
Muitas mulheres confundem a alopecia androgenética com o eflúvio telógeno, outro tipo de queda capilar importante. O eflúvio costuma ocorrer de maneira repentina, como resposta a situações de estresse físico ou emocional intenso, cirurgias, infecções ou dietas restritivas. Diferente da calvície, ele tende a melhorar espontaneamente em até seis meses. Já a alopecia androgenética tem evolução lenta e contínua, caracterizada pelo afinamento progressivo dos fios e pelo aumento da transparência do couro cabeludo na região central.
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de controlar o avanço e preservar a saúde dos folículos. A avaliação clínica detalhada inclui exames como a tricoscopia digital, que possibilita a visualização ampliada dos fios e a identificação de características típicas, como a miniaturização folicular e a redução da densidade capilar.
O tratamento da calvície feminina deve ser individualizado. Entre as opções mais estudadas está o uso tópico de minoxidil, que prolonga a fase anágena e estimula o crescimento. O microagulhamento, técnica que cria microcanais no couro cabeludo, potencializa a penetração dos ativos e aumenta a circulação local. Tecnologias como a LEDterapia auxiliam na bioestimulação dos folículos e podem ser associadas ao tratamento.
Outro recurso cada vez mais valorizado é o drug delivery, que significa a entrega controlada de substâncias terapêuticas diretamente nas camadas profundas do couro cabeludo. Essa técnica aumenta a eficácia dos princípios ativos, como fatores de crescimento e vitaminas, e reduz riscos de efeitos colaterais.
O momento certo para procurar ajuda profissional é quando há afinamento progressivo, diminuição do volume ao pentear ou maior transparência do couro cabeludo. O acompanhamento especializado é fundamental para orientar o diagnóstico preciso e indicar protocolos seguros, baseados em evidências científicas, que respeitem as particularidades de cada mulher.
*Letícia Figueiredo é especialista em terapia capilar