Neuropsicóloga Nathalie Gudayol alerta para os sinais de fadiga mental e explica como proteger a saúde do cérebro em um mundo hiperconectado
Redação Publicado em 02/08/2025, às 12h00
Você tem sentido dificuldade de concentração, lapsos de memória frequentes ou uma sensação constante de cansaço mental, mesmo sem esforço físico significativo? Esses sintomas, cada vez mais comuns no período pós-pandemia, podem indicar um quadro de fadiga mental. Trata-se de uma condição silenciosa que está afetando desde estudantes até profissionais em cargos de liderança.
A fadiga mental não é preguiça nem desatenção. É o esgotamento dos recursos cognitivos frente a uma rotina com excesso de estímulos, cobranças por produtividade e poucas pausas reais, explica a neuropsicóloga Nathalie Gudayol, especialista em avaliação e reabilitação neurocognitiva. Desde 2024, aumentaram os relatos de esgotamento cognitivo entre pessoas sem histórico neurológico, especialmente entre jovens adultos.
Durante a pandemia, o cérebro humano foi submetido a um estresse contínuo que incluiu medo da doença, isolamento, instabilidade financeira e excesso de tempo diante das telas. No retorno à rotina, essas pressões foram substituídas por outras, como a aceleração da produtividade, a retomada das interações sociais e a exposição constante nas redes. O problema, segundo a especialista, é que a mente ainda não teve tempo suficiente para se recuperar.
O cérebro humano não foi feito para lidar com estímulo contínuo sem intervalos. A falta de sono de qualidade, a ausência de descanso genuíno e a exigência por multitarefa criam um ambiente propício para o surgimento da fadiga mental.
De acordo com Nathalie Gudayol, os principais sinais da fadiga mental incluem:
• Dificuldade de manter o foco e a atenção
• Sensação de confusão mental ou mente “nublada”
• Esquecimentos frequentes
• Irritabilidade sem motivo claro
• Queda na produtividade
• Cansaço persistente mesmo após uma boa noite de sono
• Dificuldade para tomar decisões, mesmo as simples
A fadiga mental compromete não apenas o desempenho intelectual, mas também a saúde emocional e as relações pessoais. Uma pessoa exausta tende a se isolar, apresentar menor tolerância a frustrações e ter dificuldade para manter vínculos afetivos com presença real.
No trabalho, o impacto aparece na procrastinação, em erros de julgamento e no bloqueio da criatividade. No ambiente acadêmico, os reflexos envolvem dificuldade para memorizar conteúdos, lentidão no raciocínio e uma sensação constante de bloqueio mental.
Se esses sintomas persistirem por mais de algumas semanas e começarem a interferir no dia a dia, o ideal é buscar uma avaliação neuropsicológica. Muitas pessoas acreditam que estão apenas cansadas, mas em alguns casos já existe um prejuízo importante nas funções cognitivas. Com diagnóstico correto e orientação adequada, é possível recuperar o equilíbrio e a capacidade de desempenho mental.
Dicas para preservar a saúde cognitiva
Nathalie Gudayol sugere algumas atitudes cotidianas, baseadas na neurociência, para proteger o cérebro da sobrecarga:
1. Dormir bem e respeitar o ritmo biológico
2. Reduzir o uso de telas em momentos de descanso
3. Praticar atividades físicas com regularidade
4. Estimular o cérebro com leituras, jogos e conversas
5. Reservar momentos de pausa real ao longo do dia
6. Estar atento ao excesso de tarefas simultâneas
7. Manter uma alimentação equilibrada e boa hidratação
A saúde mental e cognitiva é um processo contínuo de autocuidado. Saber reconhecer os limites do cérebro é o primeiro passo para viver com mais clareza, foco e bem-estar.
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