A falta de coragem e o medo do desconhecido na maternidade nos fazem permanecer em um lugar que não faz mais sentido
Mariana Wechsler* Publicado em 02/09/2022, às 06h00
Quando eu era criança minha brincadeira preferida era brincar de escritório.
Quando adolescente contava os anos que faltavam para terminar o colégio, tudo que eu mais queria era trabalhar.
Na faculdade, lembro que no intervalo do primeiro dia de aula eu já estava olhando o mural de oportunidades de estágio.
Tenho a sorte de, na maioria da vezes, ter feito as coisas que gosto e ter encaminhado minha vida para ser dona do meu próprio tempo e rotina. Esse é um privilégio enorme.
Com a chegada da maternidade me vi perdida. A avassaladora enxurrada de exaustão que chegou dominando meu corpo e mente me fez incapaz de lembrar o porquê daquele caminho que antes fazia tanto sentido para a minha vida.
O olhar brilhante e os pezinhos fofinhos das minhas crianças me traziam novas perspectivas e desejos. E para confundir ainda mais a minha mente, vi-me influenciada pelos modelos desenhados pela sociedade sobre a mulher de sucesso.
Com o tempo passei a perceber que quanto mais eu tentava compreender o que estava acontecendo, quanto mais eu me preocupava em atender os padrões esperados pela sociedade, inconscientemente, mais eu me distanciava de mim.
Desde criança, aprendi com o budismo que a nossa felicidade acontece quando alinhamos nosso coração com as nossas necessidades e nos responsabilizamos pelas decisões que tomamos.
O que mais traz desconforto, o que mais causa angústia, é justamente não tomar decisões. Tomar decisões é extremamente importante porque é quando a gente firma nosso lugar no mundo e, para isso, temos que estar conectadas com a nossa essência para que as decisões façam sentido.
Tem aquele conhecido verso que diz: “Deixe estar, o que tiver que ser, será”.
Isso não significa que nós não precisamos fazer nada, não significa que não precisamos tomar decisões, correr atrás dos nossos sonhos, dizer sim para algumas coisas, não para tantas outras.
Muito pelo contrário, “Deixe estar, o que tiver que ser, será”, é: faça tudo que estiver no seu alcance, esteja conectada e alinhada com a sua essência. E o que tiver que acontecer, vai acontecer.
A falta de coragem e o medo do desconhecido nos fazem permanecer em um lugar que não faz mais sentido. E a nossa liberdade está completamente ligada com a nossa responsabilidade em tomar decisões. Não é uma decisão no desespero, sem pensar. Existem muitas coisas dentro de nós que a gente sabe que devem ser feitas e ficamos deixando para depois, esperando que algo aconteça e muitas das coisas estão nas nossas mãos.
É justamente o passo que sabemos que devemos dar e ficamos aguardando.
É justamente aquela decisão que você sabe que precisa tomar, mas ainda se sente com medo do que pode vir. Mas você não sabe o que pode vir, então para que esperar pelo pior?
Se no momento presente não faz sentido para você ou até faz sentido, mas só falta você tomar esse passo. Acredite que dentro de você estão todas as ferramentas e potenciais que você tem para poder realizar e transformar, é o aqui e agora.
O amanhã é desconhecido, o amanhã é um grande mistério.
A angústia muitas vezes nasce exatamente desse lugar de indecisão, quando você sente que algo precisa ser feito, mas, mesmo assim, fica adiando para depois. Então assuma a sua responsabilidade em escolher ser feliz, assuma a sua responsabilidade em escolher estar alinhada ao seu coração e não duvide do que vem de dentro.
A gente dá atenção à tantas vozes que estão ao nosso redor e esquecemos que o sentido está em nosso coração.
Se nesse momento você se sente angustiada, triste e sem forças para seguir um caminho tenha certeza que: a escolha certa é aquela que deixa o seu coração em paz.
A sua consciência irá te direcionar para onde você deve estar e para onde você deve chegar em cada momento. Esse é um processo da relação com você mesma e com a sua auto confiança.
Auto confiança em poder tomar decisões, auto confiança em poder assumir a sua responsabilidade de escolher aonde você quer estar, por que você está e a maneira que você quer se colocar. Isso é autorresponsabilidade.
Ficar esperando a vida tomar decisão por você quando as coisas estão nas suas mãos é uma coisa que pode ser muito angustiante. Então se você está insatisfeita, angustiada e quer se sentir feliz, tome decisões e vá caminhando de acordo com o que existe dentro de você porque é assim que você vai criando a sua realidade.
Minha missão é te ajudar a trazer luz, alegria e amor de volta ao seu lar.
Seja sua melhor amiga em primeiro lugar, seja a pessoa Fantástica que você é.
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*Mariana Wechsler, Educadora Parental, especialista em educação respeitosa, budista há mais de 34 anos e formada em Comunicação. Mãe de Lara, Anne e Gael. Escreve sobre sobre os desafios da vida com pitadas de ensinamentos budistas e suas experiências morando fora do Brasil, longe de sua rede de apoio. Acredita que as mães precisam aprender a se cuidar e se abraçar, além de receberem apoio e carinho. Sempre diz: “Seja Fantástica! Seja sempre a sua melhor amiga”.