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Estresse financeiro: quando o dinheiro pesa mais do que deveria

Conhece pequenas atitudes que podem ajudar a aliviar a pressão financeira e a lidar melhor com o dinheiro para evitar estresse financeiro

Luciana Pavan* Publicado em 04/11/2025, às 06h00

O autoconhecimento financeiro é essencial no processo de diminuir o estresse financeiro
O autoconhecimento financeiro é essencial no processo de diminuir o estresse financeiro

O estresse financeiro, que afeta milhões de pessoas, é impulsionado pela percepção de escassez e pela incerteza econômica, especialmente após a pandemia, gerando um ciclo vicioso que compromete a saúde mental e a capacidade de gerenciar finanças.

Sentimentos de culpa e vergonha, muitas vezes enraizados em crenças familiares, contribuem para a dificuldade em lidar com questões financeiras, levando muitos a evitar enfrentar seus problemas financeiros.

Medidas como o autoconhecimento financeiro, controle de gastos e a busca por ajuda profissional são essenciais para melhorar a relação com o dinheiro, promovendo um planejamento mais eficaz e reduzindo a ansiedade relacionada às finanças.

Resumo gerado por IA

Já levou um susto com uma conta de consumo? Abriu o aplicativo do banco e o saldo estava menor do que esperava? Fez uma compra pequena no mercado e gastou uma fortuna? E aí, bate aquela aflição que, se não for controlada, nos consome silenciosamente. Todo mundo já deve ter sentido isso em algum momento - se não for com uma frequência maior.

Falar sobre dinheiro é, muitas vezes, falar sobre emoções. O estresse financeiro é uma realidade silenciosa que afeta milhões de pessoas - e que vai muito além da conta bancária. Diferente da ansiedade financeira, que se manifesta como preocupação constante e difusa, o estresse financeiro surge da percepção imediata de escassez: a falta de crédito, o aperto no orçamento ou a incerteza sobre como pagar as próximas contas.

Depois da pandemia e em meio à instabilidade econômica e geopolítica, o tema do dinheiro passou a ocupar um espaço ainda maior na mente das pessoas. O resultado é um círculo vicioso: dificuldades financeiras geram estresse e ansiedade, que comprometem a saúde mental - e, por consequência, a capacidade de ganhar e administrar o próprio dinheiro.

Grande parte desse sofrimento vem de sentimentos como culpa, vergonha e comparação. Muitos carregam crenças herdadas, como “dinheiro é sujo” ou “dinheiro não é para você”, ou cresceram em famílias onde falar sobre finanças era tabu. Outros se sentem envergonhados por terem perdido o controle e evitam encarar o problema. Mas ignorar só atrasa a solução da situação.

O primeiro passo é reconhecer o que se sente e entender a origem desse incômodo, que pode estar nas crenças familiares, nas pressões sociais ou na desorganização cotidiana. Quando identificamos a causa, conseguimos transformá-la em aprendizado - com ajuda de profissionais de psicologia ou finanças, conforme o caso.

Embora não possamos controlar o cenário econômico, há algo essencial que está em nossas mãos: o autoconhecimento financeiro. Entender a própria realidade - quanto se ganha, quanto se gasta, quanto se deve - já reduz boa parte da angústia. A clareza dos números substitui o medo pelo planejamento. Controlar as finanças, seja com planilhas, aplicativos ou um simples caderno, é libertador.

Cinco atitudes podem ajudar a aliviar o peso do dinheiro no dia a dia: encarar a realidade financeira de frente, agindo com propósito; reduzir gastos ou buscar novas fontes de renda; manter disciplina para seguir o plano; celebrar pequenas vitórias, que fortalecem a confiança; e revisar mensalmente a vida financeira, ajustando o que for necessário. Pequenos passos, quando constantes, devolvem a sensação de controle e segurança.

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O estresse emocional também está ligado ao consumo. Comprar por impulso é, quase sempre, uma tentativa de aliviar tensões. O problema é que a satisfação imediata dá lugar à culpa - e o estresse volta ainda maior. Criar barreiras ajuda: apagar cartões salvos em aplicativos, desinstalar apps de compra e cancelar assinaturas automáticas. Essas “fricções” são aliadas do autocontrole.

Saúde financeira e saúde mental caminham juntas. Dívidas, incertezas e falta de planejamento aumentam sintomas de ansiedade e depressão. Quando estamos mentalmente sobrecarregados, tendemos a tomar piores decisões financeiras. Cuidar das finanças é também um ato de cuidado consigo mesmo.

Dinheiro fará parte da nossa vida do início ao fim - e estamos vivendo mais do que nunca. Por isso, quanto antes você decidir melhorar sua relação com ele, melhor. Comece com um pequeno passo: abra a planilha, anote seus gastos, converse com alguém de confiança ou procure ajuda profissional. A mudança acontece quando transformamos o medo em ação e o desconhecido em conhecimento.

*Luciana Pavan é educadora financeira e fundadora do 90 Segundos de Finanças

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres