A primeira infância deve ser vivida em contato com a natureza e com brincadeiras para estimular a criatividade
Daniela Pannuti* Publicado em 09/10/2024, às 06h00
A criatividade infantil tem se tornado uma preocupação crescente no cenário educacional brasileiro, especialmente após os resultados do Pisa, que revelaram o Brasil em 44º lugar entre 56 países na avaliação de capacidade criativa. Esse dado reforça a urgência de incentivar a imaginação e a criatividade das crianças desde a educação infantil. Mais do que apenas focar em inovação e empreendedorismo, é fundamental criar um ambiente onde os alunos sejam encorajados a explorar, questionar e analisar problemas, indo além da simples resolução. A educação deve partir das experiências e interesses dos alunos, não apenas do que está previsto no currículo.
Um exemplo dessa abordagem é a metodologia de aprendizagem baseada em projetos, adotada por algumas escolas internacionais. Essa estratégia integra diferentes áreas do conhecimento, como matemática, ciências, artes e tecnologia, proporcionando uma aprendizagem mais conectada e contextualizada. O modelo de ensino interdisciplinar, incentiva os alunos a desenvolverem uma visão crítica e ampla do mundo, compreendendo as interconexões entre diferentes assuntos.
Projetos práticos demonstram de forma clara a eficácia dessa metodologia. Por exemplo, ao investigar o impacto do lixo nos oceanos, crianças pequenas podem formular hipóteses, realizar pesquisas sobre poluição e animais marinhos, e visitar áreas afetadas para entender melhor o problema. Esse processo promove a criatividade ao permitir que os alunos explorem suas próprias ideias e busquem respostas que façam sentido para eles.
A criatividade desenvolvida na infância vai além da escola e tem impactos duradouros na vida adulta. Crianças que são estimuladas a pensar criativamente aprendem a enfrentar desafios de maneira inovadora, a trabalhar com soluções fora do convencional e a colaborar em equipes multidisciplinares. Na vida adulta, essas habilidades são fundamentais para carreiras que exigem adaptação rápida a mudanças, resolução de problemas complexos e inovação contínua, como empreendedorismo, tecnologia e ciências.
Além disso, o uso de tecnologias como a inteligência artificial no processo de aprendizagem pode personalizar o ensino, estimulando ainda mais a criatividade das crianças ao conectá-las com ferramentas que facilitam a exploração de suas ideias. Essas práticas educacionais não apenas aprimoram o desempenho criativo, mas preparam uma geração de indivíduos críticos, inovadores e capazes de fazer contribuições significativas para a sociedade e o mercado de trabalho no futuro.
*Daniela Pannuti, Diretora do Ensino Primário (Primary Division) da Avenues