Psicóloga Cognitivo-Comportamental e Nutricionista Ortomolecular explicam a conexão entre alimentação e saúde mental na prevenção do suicídio
Redação Publicado em 17/09/2025, às 06h00
Falar sobre vida é o primeiro passo para prevenir o suicídio. Esse é o lema que marca o Setembro Amarelo, campanha mundial de conscientização que busca quebrar tabus e abrir espaço para o diálogo sobre saúde mental. Mas, o cuidado com a mente não se limita apenas ao consultório de psicologia. A ciência mostra que os hábitos diários, incluindo a alimentação, também têm impacto direto sobre o equilíbrio emocional.
A psicóloga cognitivo-comportamental, Karine Brock, ressalta que falar abertamente sobre suicídio pode salvar vidas. “Quando alguém fala sobre suicídio, muitas vezes não quer acabar com a vida, mas sim com a dor que está sentindo. E essa dor pode ser tratada. O Setembro Amarelo é importante justamente porque traz o tema à tona e mostra que existe saída, que há tratamento, e que ainda é possível viver”, afirma.
Ela explica que é preciso diferenciar pensamentos suicidas de risco iminente. Enquanto o primeiro pode ser distante ou passageiro, o risco se manifesta em sinais claros, como isolamento, cartas de despedida e automutilação. “Nesses casos, a atenção deve ser imediata”, alerta.
Entre os fatores de risco estão depressão grave, transtorno bipolar, ansiedade elevada, abuso de substâncias, histórico de violência e uso inadequado de medicamentos. Adolescentes e idosos são os grupos mais vulneráveis. “Na adolescência, as crises de identidade e a intensidade das emoções fragilizam. Já na terceira idade, a solidão e a falta de perspectiva podem levar à depressão”, explica Karine.
Mas, além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, a nutrição pode ser uma aliada poderosa na prevenção. A nutricionista Elisa Lobo, especialista em nutrição ortomolecular, destaca que corpo e mente estão profundamente conectados. “Deficiências nutricionais, desequilíbrios hormonais e até inflamações silenciosas podem afetar a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, responsáveis pelo bem-estar”, explica.
Segundo Elisa, nutrientes como triptofano, magnésio, vitaminas do complexo B e ômega-3 são indispensáveis para manter o equilíbrio emocional. Dietas anti-inflamatórias, com alimentos como folhas verdes, abacate, banana, sardinha e linhaça, podem contribuir para reduzir a ansiedade e estabilizar o humor. Já o excesso de açúcar, cafeína e ultraprocessados pode agravar sintomas.
A especialista reforça que a nutrição ortomolecular busca tratar as causas por trás dos sintomas. Com exames detalhados, é possível personalizar protocolos de alimentação e suplementação. “Cuidar do que você come é uma forma poderosa de cuidar de quem você é”, afirma.
No Brasil, quem enfrenta sofrimento emocional pode buscar ajuda gratuita e sigilosa no CVV – Centro de Valorização da Vida, pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia. Serviços públicos como os CAPS e hospitais também fazem parte da rede de apoio.
O Setembro Amarelo, portanto, não é apenas um mês de prevenção ao suicídio, mas um convite ao autocuidado integral. Seja pela escuta atenta de um amigo, pelo apoio da psicoterapia ou por escolhas conscientes no prato, cada passo em direção à saúde mental é também um passo em direção à vida.
Quer incentivar este jornalismo sério e independente? Você pode patrocinar esta coluna ou o site como um todo. Escreva para contato@marianakotscho.com.br