Mariana Kotscho
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Quem olha pela saúde mental dos jovens de periferia?

Casos de autoagressão e tentativa de suicídio entre jovens é maior nas periferias

Redação Publicado em 11/10/2023, às 06h00

A saúde mental é ainda pior para jovens que moram em regiões periféricas
A saúde mental é ainda pior para jovens que moram em regiões periféricas

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, somente no primeiro semestre de 2023, a cidade contabiliza em média dez casos de autoagressão e de tentativa de suicídio por dia entre crianças e jovens de até 19 anos. Um crescimento de mais de 82%, em comparação com o mesmo período em 2019, antes da pandemia de Covid-19.

Esse cenário é ainda pior em regiões periféricas, onde a população precisa lidar com questões estruturais (ou básicas) como: falta de moradia digna, renda mínima, emprego, segurança, saneamento básico, além de acesso à cultura e lazer, que foram agravados com a pandemia.

Além disso, outro desafio é o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que estão sobrecarregadas com o aumento da demanda o que tornam o acesso ao tratamento adequado demorado.

Uma iniciativa da ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade) que atua há mais de 20 anos com crianças, jovens, adultos e idosos em situação considerada de 'extrema vulnerabilidade social' nas regiões de Pirituba, São Domingos e Jaraguá – vem transformando esse cenário. A ONG inaugurou em 2022 um espaço gratuito voltado exclusivamente para a saúde mental e bem-estar das famílias e comunidades assistidas pela ONG, o ‘PAC Zen’ que atende cerca de 240 pessoas com objetivo de promover suporte à demanda de cuidados com a saúde mental.

As atividades disponibilizadas pelo espaço incluem terapias convencionais e alternativas como: Psicoterapia, Terapia em grupo, Yoga, Constelação Familiar, Reiki, Arteterapia e Plantão Psicológico. Dentre os atendidos, cerca de 36,5% são jovens e crianças que recebem tratamento psicoterapêutico individual ou participam das demais atividades propostas pela ONG.

É o exemplo Priscila Santos, 18 anos, que mora com sua mãe e irmão no bairro do Cantagalo, em Pirituba. A jovem, desde muito cedo apresentava dificuldades para se relacionar e interagir com outras pessoas. Introvertida e muito tímida, ela enfrentava dificuldades para fazer amizades e se integrar em ambientes diferentes dos que conhecia.

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Neste ano, a jovem passou a frequentar as aulas no curso de formação profissional da ONG PAC, o Jovem com Futuro. Durante o curso todos os jovens participam de terapia em grupo oferecida. Para Priscila, a mudança já começou ali “Na terapia em grupo nós desenvolvíamos atividades ouvíamos muito uns aos outros, isso foi importante. Eu comecei a me sentir um pouco mais segura para falar também”, comenta a jovem.

Após o curso, Priscila foi encaminhada para o acompanhamento individual, na psicoterapia que de acordo com a jovem lhe ajudou muito a ir vencendo aos poucos a timidez “Durante a terapia eu tinha um espaço para me ouvir, conseguia colocar o que eu sentia. A psicóloga me direcionava, tudo isso me ajudou a falar mais e ter menos medo de interagir”, comemora Priscila.

Com a psicoterapia, Priscila tem melhorado suas relações interpessoais e o convívio com familiares e colegas de escola. Atualmente a jovem aguarda uma vaga para retomar os atendimentos no PAC Zen.    

Sobre o PAC - Projeto Amigos da Comunidade  

Fundado há 20 anos, o PAC – Projeto Amigos da Comunidade, é uma Organização Social sem fins lucrativos certificada pelo CEBAS - Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social - que atende a população em situação de vulnerabilidade e/ou risco social nos distritos de Pirituba, São Domingos e Jaraguá (SP).  Atualmente, o PAC conta com mais de 92 funcionários, cerca de 5.000 voluntários, 187 mantenedores via doação e mais de 10 empresas parceiras que subsidiam as oficinas promovidas pela organização, como Zendesk, TOTVS Serra do Mar, Chubb Seguros Brasil, Co.Aktion, Capsur, Elo, Sow e Netas, R3 Viagens.