A fisioterapeuta Dra. Marcela Couto explica a importância da tecnologia nos tratamentos de AVC
Redação Publicado em 08/10/2022, às 06h00
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o acidente vascular cerebral (AVC) é responsável por afetar 15 milhões de pessoas mundialmente todos os anos, das quais 5 milhões morrem e outras 5 milhões ficam permanentemente incapacitadas. Como forma de conscientização, outubro passou a ser considerado o mês de abordagens sobre a importância da prevenção e tratamento do problema. A fisioterapeuta Dra. Marcela Couto destaca a importância da terapia robótica na recuperação dos movimentos desses pacientes.
É um tratamento direcionado a reorganização dos circuitos neurais que tem se mostrado cada vez mais imprescindível para uma boa recuperação das sequelas provocadas por um evento como o acidente vascular cerebral. A Interface Cérebro-Máquina (ICM) é uma dessas tecnologias que permite o controle de um dispositivo robótico – o Exobots – por meio da atividade cerebral dos indivíduos. Aplicado de forma contínua, este tratamento permite uma normalização dos sistemas motores e sensoriais”, comenta Couto.
Dessa forma, o Exobots estimula a neuroplasticidade com o auxílio de um exoesqueleto controlado pelo cérebro para criação de novas conexões de neurônios capazes de recuperar o movimento perdido do membro superior. “O tratamento tem a duração de pelo menos 10 sessões e é capaz de realizar mudanças funcionais surpreendentes, até mesmo para pacientes crônicos”, diz Dra. Marcela.
A fisioterapeuta também indica a utilização da neuromodulação cerebral para recuperação motora, que inclui uma variedade de técnicas desenvolvidas para modular a atividade do sistema nervoso. As modalidades terapêuticas variam de acordo com o contexto clínico, a localização, a precisão, o tamanho das áreas-alvo e o efeito desejado de cada paciente. “Após o uso desse procedimento é possível notar um ganho acelerado da fisioterapia, além de uma melhora no estado de saúde do paciente no que se refere a parte motora, permitindo mais independência para se locomover, se alimentar e se vestir.”
Outros tratamentos indicados pela American Heart Association (AHA) incluem a terapia de contensão induzida (TCI), que combina a restrição do uso do membro não afetado e o uso intensivo do membro afetado; a terapia espelho, que utiliza um espelho para refletir o membro íntegro como se fosse o membro amputado, impondo ao córtex pré-motor uma percepção de dois membros íntegros; e o treino de marcha com suspensão parcial de peso.
Embora o AVC se trate de um problema mais presente entre adultos mais velhos, nos últimos anos, a incidência em jovens e pessoas de meia idade tem crescido. Uma pesquisa divulgada na revista médica The Lancet no ano passado apontou que aproximadamente um quarto dos AVCs das últimas décadas acontecem em indivíduos com menos de 65 anos.
A fisioterapeuta comenta que a maioria dos casos de AVC podem ser evitados por meio do controle de fatores de risco e mudanças nos hábitos de vida. “Entre os principais fatores, estão a hipertensão, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, sedentarismo, histórico familiar, uso excessivo de álcool e diabetes tipo 2”.
Dessa forma, é imprescindível que todos mantenham hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas regulares, uma alimentação saudável, não fumar e evitar o consumo de álcool. “Não fazer uso de drogas ilícitas, manter o peso ideal, beber bastante água e manter a pressão e a glicose sob controle também são medidas cruciais para a manutenção da boa saúde”, orienta Dra. Marcela Couto.