É preciso atenção à saúde oral e seus problemas que afetam a mastigação, atrapalham a digestão e alteram a capacidade respiratória.
Redação Publicado em 30/09/2022, às 18h00
Os atletas de alto rendimento, e até os amadores, são assistidos por especialistas como preparadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas e médicos, mas, frequentemente, esquecem de acrescentar à rede de apoio um profissional fundamental: o dentista. Vários aspectos ligados diretamente à saúde oral podem comprometer o rendimento e a performance dos esportistas, colocando em risco a carreira, todo o investimento realizado e os resultados tão desejados.
Da mesma forma que os demais profissionais avaliam as questões que colaboram para o sucesso do atleta, como a melhor nutrição e a estratégia mais eficaz de preparo físico, o especialista em saúde oral determina as necessidades estruturais e químicas do esportista. Isso inclui desde os fatores de proteção durante a prática das atividades até a identificação e a prevenção de problemas envolvendo a mordida e, consequentemente, a respiração e a digestão”, explica o cirurgião-dentista, Dr. Andreas Koren, sócio e diretor clínico da Signature Clínica Boutique.
Tanto nas modalidades coletivas - como as lutas, o rúgbi, o futebol ou basquete - quanto nas individuais, como o atletismo, o tênis e o automobilismo, há riscos que precisam ser considerados. “O contato direto pode ocasionar fraturas e até perda dos dentes quando o dano chega à raiz, mas, a concentração e a tensão também fazem com que, inadvertidamente, o atleta trave os dentes, provocando desgaste e trincas”, explica o Dr. Andreas, já complementando: “A pressão psicológica também influencia muito no organismo, afetando o sistema gástrico ou diminuindo a salivação, por exemplo”.
O especialista acrescenta outros fatores que costumam gerar consequências para a saúde oral. “É comum o alto consumo de isotônicos, proteínas, géis energéticos, limão em jejum e suplementos que trazem componentes muito ácidos. Esse perfil de dieta ataca muito os dentes, afeta o esmalte, causa lesões, desgasta as restaurações rapidamente e inflama as gengivas, ocasionando retrações, sensibilidade e exposição das raízes”, indica o dentista. E para os nadadores, por exemplo, o cloro das piscinas também é uma fonte de danos, com consequências similares.
"Vivemos a era do envelhecimento precoce dos dentes e das gengivas. Jovens, de 20 a 30 anos de idade, por exemplo, já apresentam um sorriso semelhante ao de pessoas com mais de 60 anos. A pressão por resultados, sucesso e o corpo perfeito altera o estilo de vida e, se não for bem cuidada, a saúde oral paga - ou pagará - um preço muito alto", completa o especialista.
A primeira recomendação é que o atleta seja acompanhado regularmente por um profissional com conhecimento na área esportiva, que irá realizar um tratamento de prevenção sob medida, começando pela proteção dos dentes durante as competições e obedecendo às características específicas de cada modalidade.
Para os pilotos de automobilismo, por exemplo, desenvolvemos um dispositivo exclusivo aqui na clínica, que é bem firme e evita que o atleta force os dentes durante a corrida, o que previne dores maxilares e de cabeça”, informa o Dr. Andreas.
Uma das principais vantagens práticas é que esse aparelho não atrapalha a dicção e nem o acesso à hidratação pelos equipamentos existentes no capacete. “Quando usei pela primeira vez, já mudou a minha vida. O conforto que senti na mandíbula foi inacreditável. Antes de usar o protetor esportivo, acabava os treinos e as corridas com muita dor no maxilar e nos dentes por fazer muita força. Hoje é impossível entrar no carro sem esse equipamento”, conta o empresário e piloto da Porsche Cup, Nelson Marcondes.
Já para as lutas, por exemplo, esse protetor oral precisa ser flexível e volumoso para absorver os impactos dos golpes.
Se a questão é a agressão química, como no caso dos nadadores, o dentista pode recomendar o tratamento clínico contra a acidez: uma blindagem dos dentes com o uso de medicamentos protetores.
“Mas é importante que sejam avaliados e corrigidos todos os problemas que podem ter impacto mais sério. Às vezes, o esportista tem uma má formação óssea ou a falta de dentes, que impede a mastigação correta e compromete a digestão e, por consequência, a absorção dos nutrientes; ou que o faz respirar pela boca, prejudicando a respiração e a performance”, revela o profissional. A mordida incorreta também altera a postura de quem pratica esportes, com repercussão direta no pescoço, na região dos braços e dos ombros. E, dependendo da modalidade, de acordo com o dentista, isso pode ser fatal na performance.
O especialista acredita que a prevenção regular, além de contribuir para o sucesso do esportista ao longo da carreira, traz maior tranquilidade para o futuro. “Quando se aposentar, esse atleta terá ótima saúde oral, preservando toda a parte estrutural e o sorriso, com maior qualidade de vida, e sem ter que passar por procedimentos mais complexos ou invasivos”, conclui.