Mariana Kotscho
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Gravidez tardia exige saúde em dia e planejamento para evitar riscos

O anúncio da gravidez tardia de Claúdia Raia aos 55 anos despertou a curiosidade de outras mulheres, já em processo de menopausa

Redação Publicado em 06/10/2022, às 06h00

Uma gravidez tardia requer muitos cuidados
Uma gravidez tardia requer muitos cuidados

Claúdia Raia é a nova grávida do momento. A atriz relatou que nunca escondeu o desejo pela terceira gestação com o marido Jarbas Homem de Mello, com quem até então não tinha filhos. O compartilhamento da artista nas redes sociais é o assunto mais comentado na internet. 

Primeiramente, é preciso compreender a expressão "gravidez tardia" como a gestação após os 35 anos. Sabemos que uma mulher vai disponibilizando seus óvulos pela vida toda, mesmo antes da puberdade. Contudo, após os 35 anos, há uma aceleração desse gasto, associada a uma perda de qualidade dos mesmos, crescente porque este óvulo tem a “mesma idade” da mulher. 

Após o término dos óvulos nos ovários, a mulher entra na condição chamada de menopausa. Clinicamente, ela é definida como a fase em que a mulher já está há pelo menos um ano sem menstruar, geralmente entre os 45 e os 55 anos. Uma gestação natural é extremamente improvável nessa no período chamado perimenopausal. Estimativas de grandes séries populacionais mostram que as chances de uma gestação natural após os 45 anos seria de 0,002%. 

"Os avanços da medicina, o aumento da expectativa de vida e o fator estilo de vida mais saudável hoje podem ser uma base adequada, para que os métodos de reprodução assistida possam proporcionar uma gravidez nesta faixa etária”, explica Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, presidente da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida, a REDLARA.

Mas, estes avanços são no mais das vezes, diretamente definidos com a consideração dos limites temporais. 

Quando a mulher faz o congelamento de óvulos para se precaver quanto a estes limites temporais e, num determinado momento recorre à utilização dos mesmos, segue-se uma fertilização in vitro ou FIV. Neste caso os óvulos são descongelados, a fecundação (o encontroo dos óvulos com espermatozoides) é feito em laboratório e os embriões resultantes vão ser considerados para transferência ao útero. 

A forma mais provável de se conseguir uma gravidez após os 50 anos de idade, se não houve o congelamento de óvulos anteriormente, seria através da técnica de óvulo doação ou através de embriões doados. Através dela, a mulher recebe óvulos de doadoras anônimas (ou parentes de até quarto grau, que tenham menos de 37 anos, segundo permite o Conselho Federal de Medicina) ou ainda embriões doados por casais que já completaram a sua própria prole. 

Riscos de uma gravidez tardia 

Toda gestação com idade materna avançada apresenta maiores riscos de complicações maternas e fetais. Pelo lado materno, quanto maior a idade da mãe, maiores os riscos associados ao desenvolvimento de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gravidez), sangramentos perípato, entre outros. É importante reiterar que esses riscos maternos ocorrem independentemente de a gravidez ter se dado com óvulos próprios naturais, congelados anteriormente, ou doados. 

Ademais dos riscos maternos, temos que observar que gestações tardias podem trazer riscos fetais também, principalmente os associados a riscos de partos prematuros e restrições de crescimentos. Ressaltamos ainda que, quando a gestação em mães de maior idade se dá de forma natural, ou com óvulos próprios que não haviam sido congelados previamente, existem ainda importantes riscos associados a maiores chances de abortamentos espontâneos de primeiro trimestre e mesmo síndromes genéticas cromossômicas, como a Síndrome de Down. Estes são os riscos para os bebês, nitidamente ligados à idade dos óvulos. 

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Importante deixarmos claro que, apesar da atriz relatar que sua gravidez foi espontânea, não devemos achar que esse tipo de situação é frequente. Sabemos que um estilo de vida saudável pode favorecer mulheres a engravidarem mais tardiamente, contudo, é importante ressaltar que o principal fator definidor das chances de gravidez para uma mulher é a sua idade, ou melhor, a idade do seu óvulo! Portanto, não devemos postergar as nossas decisões para gestar, ou mesmo para avaliar um congelamento de óvulos.” ”, alerta Dr. Roberto Antunes, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

O impacto do estilo de vida para uma mãe mais velha 

É natural que o processo de envelhecimento faça com que o organismo da mulher tenha reações mais vulneráveis ao meio ambiente e às fragilidades genéticas, um dos problemas mais comuns na gravidez tardia é a hipertensão, outro, o risco de diabetes. É por isso que a saúde materna pode ser determinante para que a gestação transcorra com riscos diminuídos. 

Se faz necessário um acompanhamento especializado para esse tipo de gravidez com os exames adequados antes, durante e depois do nascimento”, diz Dr. Marcelo Marinho, especialista em Reprodução Humana. 

Dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, mostram que na última década o número de mulheres que engravidaram após os 35 anos cresceu 84% no Brasil. Os partos de mães com mais de 40 anos já representam entre 2% e 5% do total no país.

“É uma realidade. A gravidez tardia tende a acontecer cada vez com mais frequência por motivos diversos, como o relacionamento ideal, o adiamento dos planos em virtude de questões profissionais ou simplesmente por escolha”, explica Dr. Marinho. 

Entre os métodos mais procurados nas clínicas de reprodução assistida estão o congelamento de óvulos e o congelamento de embriões além da fecundação in vitro (FIV), uma oportunidade de renovação na fase emocionalmente mais madura das mulheres.