A oftalmologista Dra. Ana Carolina Porto Bugalho explica as principais características e formas de tratamento da catarata
Redação Publicado em 18/08/2022, às 06h00
Principal causa de cegueira reversível no mundo, a catarata já atinge 14 milhões (25%) dos 56,1 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O documento contou com os dados de 9,4 mil participantes e identificou a doença como a quarta enfermidade mais recorrente na faixa etária entre 50 e 59 anos, atrás de hipertensão, problemas na coluna e colesterol alto. Segundo a oftalmologista Dra. Ana Carolina Porto Bugalho, apesar da senilidade ser a causa mais comum, existem outras formas de se desenvolver a catarata.
Trata-se de uma doença definida pela presença de opacidade em uma estrutura dos olhos chamada cristalino, que apesar de rara, pode se manifestar de forma congênita, com a criança nascendo com a catarata; por via traumática, quando a pessoa sofre alguma queda e bate a cabeça, por exemplo; ou ainda pela ingestão de medicações, como o corticoide, amplamente conhecido como fator de risco para o desenvolvimento da condição”, diz.
Como a forma mais comum da doença se dá pelo avançar da idade, os sintomas mais aparentes surgem com o envelhecimento do organismo e consequentemente, também do cristalino. Os olhos nascem com essa estrutura transparente, porém, com o passar do tempo ela se torna mais opaca, o que gradativamente prejudica a vista e faz com que a pessoa, além de enxergar com maior opacidade, também comece a perceber mudanças nas cores, piora do contraste e uma baixa da acuidade visual, que não resolve com óculos.
Bugalho explica que, atualmente, a opção cirúrgica é o único tratamento disponível para a catarata. “Um procedimento em que o especialista faz a retirada desse cristalino e o substitui por uma outra estrutura, que na verdade é um tipo de prótese, chamada lente intraocular. Uma solução que pode, inclusive, ter grau, para que o paciente nem precise mais utilizar óculos.”
Com exceção de fatores de risco, por vezes evitáveis, como diabetes, tabagismo, o uso de corticoides e a exposição ultravioleta, a especialista alerta não haver medidas que impeçam o desenvolvimento da catarata, já que se trata de um curso natural do envelhecimento. “Invariavelmente, todos terão que lidar com algum aspecto do problema em um momento da vida.”
Diante desse cenário, é imprescindível que se procure atendimento médico assim que forem constatados os primeiros sintomas da doença, já que a não realização da cirurgia certamente tornará a pessoa cega. “Lembrando que se trata de uma condição reversível, independente do estágio em que se encontre, diferente do glaucoma, por exemplo, que causa cegueira, mas não possui cura, apenas tratamento.”