Especialista explica como identificar e tratar lipedema na barriga, condição pouco conhecida que afeta principalmente mulheres
Redação Publicado em 17/08/2025, às 06h00
Quando a gordura localizada na região abdominal persiste, mesmo com dieta e exercícios físicos, é comum que ela seja associada ao sobrepeso ou à falta de atividade física. Mas há casos em que o problema tem outra origem: o lipedema. A condição, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente é mais conhecida por afetar pernas e braços, mas também pode atingir a barriga, causando dor, desconforto e alterações estéticas que comprometem a qualidade de vida.
“O lipedema abdominal é menos falado, mas não é raro. Ele pode surgir de forma isolada ou associada ao acúmulo nas coxas e nos quadris. É uma gordura de origem inflamatória, que resiste às estratégias convencionais de emagrecimento”, explica o cirurgião plástico Dr. Fernando Freitas, especialista em contorno corporal e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O diagnóstico ainda é um desafio, pois o lipedema pode ser confundido com obesidade ou lipodistrofias comuns. A diferença é que, no lipedema, a gordura acumulada é dolorosa ao toque e tende a piorar com o tempo. Além disso, o paciente pode apresentar sensação de peso, hematomas frequentes e um desproporcional aumento em determinadas áreas, como flancos e abdômen inferior.
Segundo Dr. Fernando, muitas pacientes enfrentam anos de frustração até descobrirem que o problema não está ligado ao estilo de vida, mas a uma condição crônica que pode ser tratada. “O lipedema tem origem multifatorial, com forte componente genético e hormonal. É comum que os sintomas piorem após fases de alteração hormonal intensa, como puberdade, gestação ou menopausa”, afirma.
O tratamento pode envolver mudanças na alimentação, acompanhamento com fisioterapia e uso de meias de compressão. Em casos avançados ou refratários, a cirurgia plástica é uma opção eficaz. “A lipoaspiração redutora de lipedema é realizada com técnicas que visam preservar as estruturas linfáticas e reduzir o volume com segurança. O objetivo não é apenas estético, mas funcional, melhorando a dor e a mobilidade da paciente”, esclarece o especialista.
Apesar de ainda ser pouco reconhecido no Brasil, o lipedema já é classificado como doença pela Organização Mundial da Saúde. Para Dr. Fernando Freitas, o maior desafio está na informação. “Muitas mulheres convivem com dor e frustração sem saber que têm uma doença tratável. É fundamental ampliar o debate e treinar profissionais para um diagnóstico preciso”, defende.