Mariana Kotscho
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Genética pode ser a causa de até 70% no número de pessoas obesas

Especialista explica que a genética tem uma influência muito grande tanto na gênese da obesidade quanto no processo de emagrecimento

Redação* Publicado em 05/06/2024, às 06h00

A genética influencia até 70% da obesidade, ressaltando a importância do tratamento personalizado para a saúde
A genética influencia até 70% da obesidade, ressaltando a importância do tratamento personalizado para a saúde

Estar acima do peso pode ser um problema para muita gente. Tem quem brigue com a balança e faça dietas na busca do emagrecimento, enquanto outros entram em forma com a maior facilidade. A genética pode ser a responsável pelo ganho ou dificuldade na perda de peso, como explica a geneticista, Fernanda Ayala.

“A genética tem uma influência muito grande tanto na gênese da obesidade quanto no processo de emagrecimento. Estima-se que 60% a 70% da obesidade tem causa genética”, comenta a especialista.

Ela também destaca que o ambiente é muito importante para quem tem predisposição genética para ganhar peso. “As pessoas magras, assim como quem está acima do peso, muitas vezes comem o mesmo número de calorias e se exercitam tanto quanto as pessoas com obesidade e não ganham peso”.

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A médica explica que diversos estudos demonstram de forma evidente a participação do componente genético na incidência da obesidade. Estima-se que entre 40% e 70% da variação no fenótipo associado à obesidade tem um caráter hereditário. “A influência genética como causa de obesidade pode manifestar-se através de alterações no apetite ou no gasto energético”.

Já que toda pessoa tem um histórico diferente há quem já nasceu acima do peso e assim permaneceu por décadas, quem passou por uma gestação e ganhou muito peso e as vezes pessoas que nasceram magras ou abaixo do peso, mas foram engordando até ficarem fora do ideal.

Medicamentos, transtornos alimentares e outros fatores também podem contribuir para o problema. Fernanda lembra que essa é uma área muito específica da medicina que, infelizmente, o médico, quando se forma, tem muito pouca informação sobre a obesidade.

Para tornar ainda mais difícil essa situação, a genética influencia vários processos no organismo, que podem fazer com que a gente sinta mais vontade de comer alimentos gordurosos ou preguiça para praticar exercícios.

“O indivíduo com obesidade não tem que ser olhado como uma pessoa que fez uma escolha por ter um excesso de peso. Ele é uma pessoa biologicamente suscetível a ganhar peso e ter obesidade e tem que ter um tratamento garantido”.

Fernanda ressalta que não existe uma dieta, uma medicação nem uma atividade física ideal no tratamento da obesidade. “Eu não estou falando de quem quer perder dois ou três quilos. Cada paciente tem que ser visto individualmente, de acordo com suas preferências, as correções alimentares deve ocorrer, aos poucos, sem dietas radicais e com atividades físicas direcionadas, de acordo com eventuais contraindicações cardiológicas”.

No tratamento da obesidade, um conceito muito importante que as sociedade médica da área têm defendido é o da obesidade controlada. “O objetivo do tratamento não é normalizar o peso, ter uma barriga tanquinho ou fazer o cálculo do índice de massa corpórea e normalizar o índice. O objetivo é melhorar a saúde e isso se consegue com perdas, às vezes, de 5% a 10% do peso inicial. Essa pode não ser a expectativa do paciente e isso deve ser conversado na primeira consulta, mas a expectativa não pode ser irreal.”

A médica lembra que “é muito raro as pessoas perderem dezenas de quilos. Com a redução, a saúde melhora consideravelmente e a pessoa terá a doença controlada, já que a obesidade é crônica e precisará de tratamento pelo resto da vida, assim como a hipertensão e o diabetes”.