Em mulheres obesas, é comum observarmos menstruações irregulares e ciclos anovulatórios que podem contribuir para diminuir a fertilidade
Redação Publicado em 04/09/2023, às 06h00
A obesidade é um fator que dificulta a fertilidade da mulher e também a gestação. É o que explicou Dra. Silvia Joly, ginecologista e associada da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil) durante live realizada sobre o tema.
Segundo a médica, muitas pessoas associam a condição apenas a doenças como a Síndrome do Ovário Policístico, mas há outras dificuldades causadas pelo acúmulo de gordura corporal. Entre elas, a especialista cita alterações na qualidade do óvulo e na implantação do embrião no útero.
“Além disso, em mulheres obesas, é comum observarmos menstruações irregulares e ciclos anovulatórios que podem contribuir para diminuir a fertilidade”, afirma a especialista. Isso porque o excesso de tecido gorduroso funciona como produtor de hormônios que afetam diretamente o ciclo menstrual.
A especialista lembra ainda que um dos riscos que a obesidade traz para uma possível gravidez é a falha de preparação do endométrio para receber o embrião. “Todos os meses, o endométrio cresce para recebê-lo, e caso não haja fecundação, a mulher menstrua. Isso faz parte da preparação da placenta que vai abrigar o bebê. Quando há falhas na preparação do endométrio, a placenta pode apresentar problemas, aumentando os riscos em caso de gravidez”, explica ela.
A ginecologista menciona um estudo norte-americano que apontou que 51% das americanas engravidam com sobrepeso ou obesidade. “A condição também interfere na trajetória da gravidez, aumentando o risco de complicações antenatais e também para o bebê”, revela Dra. Silvia.
De acordo com ela, a obesidade materna e o ganho de peso excessivo na gestação elevam os riscos de ocorrências como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, aumento do número de cesarianas, de hemorragia puerperal, alteração do crescimento intrauterino, além de expor a criança a maior risco de complicações a curto e longo prazo.
Outra dificuldade causada pelo excesso de gordura corporal lembrada pela médica é na hora de avaliar os órgãos durante os exames pré-natais. Segundo Dra. Silvia, a visualização fica mais difícil.
“A gestante obesa apresenta, estatisticamente, maiores riscos para o desenvolvimento de doenças e complicações tanto durante a gestação quanto no parto. Por isso, o acompanhamento deve ser realizado com maior assiduidade e o ganho de peso durante a gestação deve ser adequado”, finaliza Dra. Silvia.
Sobre a Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR)
A AMCR – Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil – é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, pela médica ginecologista, Prof. Dra. Marise Samama, possui 47 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil. A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da mulher e da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana. Para saber mais informações, acesse o site.