Mariana Kotscho
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Estudo aponta alto crescimento da obesidade infantil até 2035

Endocrinologista pediátrica dá orientações de como conscientizar as crianças sobre a obesidade

Redação Publicado em 30/07/2023, às 14h00

A condição também pode ser desencadeada por questões biológicas, hereditárias e psicológicas.
A condição também pode ser desencadeada por questões biológicas, hereditárias e psicológicas.

A nova edição do Atlas Mundial da Obesidade, divulgada pela Federação Mundial de Obesidade, aponta que o crescimento anual da condição em crianças até 2035 será de 4,4%, número considerado “muito alto” pela entidade, já que o crescimento para os adultos, em comparação, será de 2,8%. Segundo a endocrinologista pediátrica Dra. Andreza Juliani Gilio, o assunto deve sempre ser discutido com os pequenos, mas é preciso que haja humanização.

Conversar abertamente com as crianças é fundamental para conscientizá-las sobre os riscos, além de incentivá-las a adotar hábitos de vida saudáveis desde os primeiros anos. No entanto, é preciso tomar cuidado para não transmitir mensagens negativas que levem a uma relação prejudicial com a comida e o próprio corpo. Ressaltar as vantagens da moderação e do autocuidado pode ser uma atitude mais valiosa do que focar apenas no aspecto estético ou em restrições severas”, comenta Dra. Andreza.

É importante ressaltar que o objetivo principal deve ser sempre o bem-estar geral, o desenvolvimento saudável e até mesmo a elevação da autoestima das crianças. “Encorajar a experimentação de alimentos diversos, evitar classificações negativas, como ‘comida boa’ ou ‘comida ruim’, e promover uma perspectiva positiva de prazer na alimentação também pode contribuir para uma abordagem consciente da obesidade infantil”, diz a endocrinologista.

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Gilio ressalta ainda que, embora a obesidade infantil possa surgir devido a uma dieta inadequada e falta de exercícios físicos, a condição também pode ser desencadeada por questões biológicas, hereditárias e psicológicas. Dessa forma, todo tratamento requer um diagnóstico detalhado, orientação nutricional e mudanças no estilo de vida, que incluem um trabalho de sensibilização da criança sobre a importância de se alimentar e se comportar diferente de alguns colegas.

“Lembrando que essa proposta nunca deve se restringir unicamente ao trabalho realizado junto das crianças acima do peso, já que uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas precisa ser estimulada em todas as pessoas, independentemente da idade. Aspecto que também serve como lembrete aos pais, que precisam ser exemplos para seus filhos, dependentes da alimentação oferecida pelos responsáveis”, diz Dra. Andreza.

A especialista também recomenda que os pais sempre incentivem seus filhos a participarem de brincadeiras de rua e em grupos. “A socialização é positiva tanto para o físico, quanto para o emocional, afinal, o isolamento pode contribuir para uma alimentação inadequada, da mesma forma que o ganho de peso pode afastar os mais jovens de um círculo social saudável”.

Diante desse cenário, ao abordar o tema com as crianças, Dra. Andreza orienta que os pais ofereçam informações baseadas em evidências científicas, mas sempre adaptadas à faixa etária em questão, de maneira clara e compreensível. “Uma abordagem humanizada, que leve em consideração a individualidade de cada ser, é fundamental para as pessoas desenvolverem uma relação saudável com seus próprios corpos, permitindo um crescimento equilibrado, com mais confiança e livre de futuros traumas”.