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Fila para transplante de córnea no Brasil pode chegar a mais de 1 ano

Especialista explica quais são os critérios para realizar o procedimento, responsável por recuperar a visão em mais de 90% das pessoas que possuem deficiência visual provocada pela córnea

Redação* Publicado em 16/09/2023, às 06h00

Veja os critérios para identificar quais pacientes devem ter prioridade no recebimento de transplante de córnea - Foto: Divulgação H.Olhos
Veja os critérios para identificar quais pacientes devem ter prioridade no recebimento de transplante de córnea - Foto: Divulgação H.Olhos

O transplante de córnea é responsável pela recuperação da visão de 90% das pessoas com deficiência visual causada por problemas na córnea, mas, apesar disso, o tempo médio de espera pelo procedimento pode chegar a mais de 13 meses, gerando muita angústia para quem precisa da cirurgia. Os dados, fornecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), mostram que mais de 24 mil pacientes encontram-se na fila para realizar o procedimento, com uma concentração das cirurgias na região Sudeste, que responde por 46% do total. Apesar do tempo na fila poder chegar a mais de um ano, a ordem na espera pode variar bastante, explica Dr. Luiz Brito, chefe da especialidade de Córnea do H.Olhos - Hospital de Olhos. “No Estado de São Paulo, por exemplo, o tempo pode ser de três meses até dois anos, dependo da região em que o paciente está inscrito”, diz ele.

A boa notícia é que qualquer pessoa entre 2 e 80 anos pode ser doadora de córnea. Após manifestação de interesse, é realizada uma triagem. Diante da aplicação de questionário ao grupo familiar, é feita uma análise do histórico médico da família e, posteriormente, a coleta de exames de sangue para dar prosseguimento aos procedimentos necessários. O paciente deve se inscrever no próprio serviço de saúde, onde deverá realizar o transplante. Seja pelo SUS, convênio ou particular, a fila é única. Existe, porém, a possibilidade de priorização, preenchendo alguns critérios, que incluem avaliação da câmara técnica da Secretaria de Saúde do Estado.

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Segundo Brito, as filas podem diminuir se houver uma melhora na logística envolvendo os transplantes: “O ideal seria a distribuição entre os Estados, a exemplo do que ocorre com alguns órgãos, para tentar equalizar a diferença das filas, em parceria com o Serviço Nacional de Transplante (SNT). Porém, por inabilidade logística, que é da responsabilidade do Serviço Nacional de Transplante, a distribuição de córnea é bem regionalizada e injusta, inclusive no estado de São Paulo”, explica o médico.

Quem tem prioridade

Segundo o especialista do H.Olhos, existem critérios para identificar quais pacientes devem ter prioridade no recebimento de transplante de córnea:

  • Crianças abaixo de 7 anos com Opacidade Corneana Bilateral (perda de transparência na córnea)
  • Pessoas com úlcera de córnea intratável
  • Descemetocele (condição oftalmológica grave em que a córnea é tão fina que começa a protuberar para fora do olho, formando uma bolsa ou saco. É causada por uma lesão ou úlcera que afeta a camada mais profunda da córnea, conhecida como membrana de Descemet)
  • Perfuração corneana
  • Falência primária