Felicidade corporativa não é esconder vulnerabilidades, mas criar ambientes de trabalho humanos, sustentáveis e produtivos
Patricia Contessotto Tait* Publicado em 03/10/2025, às 11h22
Você já acordou pensando: “tenho que estar bem hoje, preciso sorrir, mostrar positividade”? Num mundo que valoriza postagens perfeitas, metas agressivas e liderança sempre sob tensão, esse imperativo de felicidade constante pode pesar.
Minha trajetória me ensinou isso. Durante quase 20 anos no mundo corporativo, liderando equipes e perseguindo metas, vi pessoas incríveis, colegas, líderes, se desgastarem, adoecerem, se afastarem por burnout, depressão ou estresse crônico. Vi dedicação, responsabilidade, desempenho… mas também vi sofrimento silencioso.
E isso me trouxe uma pergunta essencial: e se permitirmos ser humanos de verdade? Se aceitarmos que nossos dias terão emoções difíceis, que não precisamos estar 100% “nos eixos” para sermos bons no que fazemos? Foi isso que me levou a estudar psicologia positiva, mindfulness, nutrição integrativa e terapias de diverass vertentes para construir uma liderança e uma cultura corporativa que acolhem, não exigem perfeição.
Existe uma armadilha que muitos de nós caímos: acreditar que felicidade é alegria ininterrupta ou produtividade sem falhas. É o que alguns chamam de “felicidade tóxica”, quando a pressão para aparentar bem-estar nega emoções reais, vulnerabilidades ou momentos mais desafiadores.
Mas ser humano inclui tristeza, exaustão, dúvidas. Ignorar isso pode tornar o ambiente de trabalho pesado, desconectado, e, no final, menos produtivo.
Minha proposta: bem-estar com presença, não com performance.
Com todo meu estudo e experiência, desenvolvi uma abordagem que não rejeita metas nem resultados, mas os equilibra com escuta, integridade emocional e cuidado com quem está por trás das funções:
Se liderança é sobre pessoas, precisamos conceder a permissão de sermos humanos — permitir que equipes expressem dificuldade, dor, insegurança. Permitir pausas, permitir falhas, permitir que o lado emocional faça parte do dia.
Quanto mais autenticidade, mais confiança; quanto mais confiança, mais engajamento — e sim, melhores resultados.
Se você é líder, colaborador, empresa ou indivíduo: parar de fingir que está sempre bem não é desistir. É coragem. É cuidado. É sustentabilidade humana.
Meu chamado é para construirmos juntos ambientes onde felicidade corporativa não seja uma máscara, mas uma vivência honesta, onde saúde mental e desempenho caminhem lado a lado.
Porque viver de verdade, com imperfeições, emoções completas, é também produzir de verdade.
*Patricia Contessotto Tait é especialista em saúde corporativa e estrategista em alta performance saudável. Formada em Comunicação Social, especialista em Psicologia Positiva, Neurociência e Mindfulness pela PUC-PR, especialista em Saúde e Práticas Integrativas pela PUC-RS e mestranda em Gestão pela Ambra University nos Estados Unidos.
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