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Endometriose na adolescência: quando a cólica forte pode ser sinal de alerta

Ginecologista Dra. Ana Paula Fonseca explica como identificar os primeiros sinais da endometriose na adolescência

Redação Publicado em 07/05/2025, às 06h00

Apesar de não ser comum, é importante ficar de olho nos sintomas de endometriose na adolescência - pexels
Apesar de não ser comum, é importante ficar de olho nos sintomas de endometriose na adolescência - pexels

Muitas adolescentes acreditam que sentir dor forte durante a menstruação é “normal”. Mas não é bem assim. Segundo a ginecologista Dra. Ana Paula Fonseca, cólicas intensas, incapacitantes e que não melhoram com analgésicos comuns podem ser um dos primeiros sinais de endometriose — mesmo na adolescência.

“Infelizmente, ainda existe uma naturalização da dor menstrual. Mas a dor que impede a adolescente de ir à escola, praticar esportes ou seguir sua rotina deve ser investigada com atenção. Esse pode ser o primeiro indício de endometriose”, alerta a médica.

A endometriose é uma doença inflamatória causada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora do útero, podendo atingir ovários, trompas, bexiga e até o intestino. Embora mais comum entre mulheres de 25 a 35 anos, ela pode começar ainda na adolescência, com sintomas que muitas vezes são confundidos com desconfortos típicos do ciclo menstrual.

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Principais sintomas em adolescentes, segundo a especialista:

  • Cólicas menstruais intensas e progressivas
  • Dor pélvica fora do período menstrual
  • Dores intestinais ou urinárias durante o ciclo
  • Fadiga e mal-estar associado à menstruação
  • Dificuldade para evacuar ou urinar no período menstrual.

“A adolescente pode não ter todos esses sintomas, mas o padrão de dor forte, que piora com o tempo e não responde bem ao tratamento convencional, já é um indicativo importante para investigação”, explica a ginecologista.

É possível diagnosticar?

Embora o diagnóstico definitivo da endometriose só possa ser feito com cirurgia (geralmente por laparoscopia), é possível suspeitar e iniciar o tratamento com base na avaliação clínica e exames de imagem como o ultrassom transvaginal com preparo intestinal naquelas que já iniciaram a vida sexual ou ressonância magnética da pelve— naquelas adolescentes que ainda não iniciaram a vida sexual.

“O mais importante é não ignorar os sinais. Quanto mais cedo a endometriose for detectada e tratada, maiores são as chances de controlar a dor e preservar a fertilidade futura”, orienta Dra. Ana Paula.

A médica também destaca que o acompanhamento ginecológico desde cedo é fundamental para orientar, acolher e cuidar da saúde reprodutiva da adolescente como um todo. “Se a adolescente entende que não precisa sofrer com a dor, que existe tratamento e que ela tem direito a um cuidado acolhedor, damos a ela mais qualidade de vida agora — e no futuro também.”

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres