A depressão pós-parto e o suicídio materno revelam a necessidade de acolhimento, apoio familiar e políticas de saúde mental voltadas às mães brasileiras
Redação Publicado em 02/10/2025, às 06h00
A cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida no mundo. No Brasil, mais de 13 mil mortes por suicídio são registradas anualmente, o que equivale a 38 por dia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os grupos que demandam atenção especial estão as mulheres que são mães, muitas vezes sobrecarregadas por responsabilidades e pressionadas por expectativas sociais.
Pesquisas apontam que a depressão pós-parto (DPP) atinge de 10% a 42% das brasileiras após o nascimento dos filhos. O transtorno, ainda marcado por estigma e subnotificação, está entre os principais fatores de risco para ideação suicida. Casos de violência obstétrica e doméstica também ampliam a vulnerabilidade dessas mulheres: estudos indicam que aquelas expostas à violência apresentam risco de mortalidade até oito vezes maior do que a média da população feminina.
Para a psicanalista Jhulie Campello, é importante ampliar o debate sobre a saúde mental materna. "Ser mãe traz uma carga emocional intensa, e muitas vezes invisível. A depressão pós-parto não é sinal de fraqueza, mas de sofrimento que precisa ser reconhecido e tratado. Conversar, acolher e buscar ajuda são passos fundamentais para salvar vidas", afirma.
Jhulie Campello ressalta ainda que familiares e amigos podem ter papel decisivo no enfrentamento desse cenário."Muitas mulheres não conseguem pedir ajuda diretamente.
A escuta ativa, o olhar atento e o apoio profissional fazem diferença. A psicanálise oferece um espaço para que essas mães reorganizem seus sentimentos e encontrem novos caminhos. Ninguém precisa enfrentar esse peso sozinha", conclui.
Se você estiver passando por sofrimento emocional, procure ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito, sigiloso e voluntário, 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Ligue 188 ou acesse https://cvv.org.br/
Quer incentivar este jornalismo sério e independente? Você pode patrocinar uma coluna ou o site como um todo. Escreva para contato@marianakotscho.com.br