Saúde Bucal: especialista destaca que muitos pacientes ignoram as causas mais abrangentes da sensibilidade nos dentes; que, sim, piora no inverno
Redação Publicado em 05/12/2022, às 06h00
Se você sofre só de pensar em consumir aquele sorvete delicioso ou aquela sopinha caseira quentinha, antecipando a sensação desagradável que sentirá nos dentes sensíveis, você não está sozinho. Estudos mostram que o problema da hipersensibilidade dentinária - termo médico para a sensibilidade dental - atinge mais de 30% da população. A boa notícia é que tem tratamento, mas envolve outros fatores, que vão muito além daquele creme dental especial.
“Pode parecer um problema simples, mas tem gente que deixa até mesmo de viajar para lugares mais frios para não sentir a sensibilidade nos dentes, já que com o vento e a baixa temperatura, a sensação dolorosa não se restringe ao momento da refeição, está presente o tempo todo. O inverno passa a ser um período complicado, e isso gera um grande impacto na qualidade de vida”, explica o cirurgião-dentista Andreas Koren , sócio e diretor clínico da Signature Clínica Boutique.
O especialista explica que os dentes são como uma esponja, com milhões dos chamados “túbulos dentinários”. São micro túneis que recebem a umidade da saliva e que estão diretamente ligados ao nervo e a à polpa do dente. “Qualquer tipo de interferência, seja mecânica, como a mastigação, ou uma alteração de temperatura, movimenta essa umidade”, revela o Dr. Andreas. “Quanto mais gelado ou quente os alimentos e líquidos, maior a velocidade que essa umidade transita nesses micro túneis; e é isso que estimula os nervos e causa a sensibilidade”.
O Dr. Andreas ressalta que, quando os dentes estão sensíveis, geralmente há uma região da boca que, provavelmente, está muito exposta à saliva ou, por alguma agressão exagerada aos dentes, o limiar de dor está reduzido, fazendo com que a tolerância aos estímulos também seja menor. “Comparando com a nossa pele: quando tomamos muito sol, por exemplo, ela fica sensibilizada; e qualquer intervenção, como um toque ou um banho quente - o que normalmente é bem tolerado - passa a causar incômodo ou até dor. Com os dentes também é assim”.
O cirurgião-dentista aponta as causas mais comuns para esse distúrbio, indicando que é preciso sempre considerar um tratamento multidisciplinar. “Alterações gástricas podem causar refluxos, que levam mais acidez à boca, da mesma maneira que as dietas ricas em ácidos ou aminoácidos, como a que os atletas amadores ou profissionais costumam adotar. Até o estresse da vida moderna, com muita pressão, e os transtornos psicológicos, como a ansiedade e a depressão, são fatores de risco, pois desencadeiam problemas como o ranger dos dentes, por exemplo. Os medicamentos receitados nesses casos, muitas vezes, diminuem a salivação. E tudo isso causa desgaste nos dentes, provoca retração da gengiva e pode expor as raízes, causando sensibilidade”, enumera.
Segundo o Dr. Andreas, é comum hoje, em seu consultório, atender pacientes com o que ele chama de invalidez odontológica. “São pessoas com dentes extremamente desgastados, trincados, fraturados, com gengivas retraídas e exposição de raízes de forma muito precoce. Vemos isso cada vez mais em pessoas jovens, aos 30 anos, quando se trata de algo que deveria se manifestar apenas aos 60”, indica. “Muitos estão passando por fases de vida complicada, por isso, temos que ter um olhar mais abrangente. Não adianta apenas usar uma escova e uma pasta. Isso é a mesma coisa que você romper um tendão do seu joelho e andar de muleta.Você vai andar, mas não vai resolver seu problema”, compara.
O sócio e diretor clínico da Signature Clínica Boutique informa que há produtos odontológicos que oferecem um nível de conforto e podem amenizar a sensibilidade. “São bases químicas, que interagem com o esmalte do dente, neutralizando os ácidos que entram em contato direto, diminuindo aquela agressão”, comenta. “Há substâncias que também agem nos túbulos, reduzindo o fluxo da umidade. Mas, a sensibilidade é um sinal de alerta importante que o nosso corpo dá para investigarmos as possibilidades de forma mais assertiva, com protocolos sérios e o apoio de outros especialistas médicos”, completa o Dr. Andreas Koren.