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Subestimar os filhos: um risco silencioso na educação

Entenda como a superproteção pode prejudicar o crescimento emocional das crianças ao subestimar os filhos

Larissa Fonseca* Publicado em 23/09/2025, às 06h00

Veja como os desafios são importantes para preparar as crianças para a vida real - pexels
Veja como os desafios são importantes para preparar as crianças para a vida real - pexels

Vivemos tempos em que muitos pais, movidos pelo desejo legítimo de proteger seus filhos, acabam caindo em uma armadilha perigosa: a superproteção.

Blindar as crianças de qualquer desafio, evitar frustrações, tentar garantir apenas vitórias e conquistas pode parecer, à primeira vista, uma forma de amor. Mas, na prática, isso as priva de algo essencial: a oportunidade de crescer de verdade.

Quando acreditamos que nossos filhos não suportarão uma negativa, uma perda ou uma frustração, enviamos a eles uma mensagem subliminar: “você não é capaz”.

Assim, sem perceber, subestimamos sua força, sua capacidade de lidar com dificuldades e sua resiliência natural. É claro que todo pai e toda mãe desejam ver seus filhos felizes, mas a vida não se resume a vitórias. E é justamente no equilíbrio entre conquistas e frustrações que se constrói a maturidade emocional.

Ganhar ensina a celebrar, a reconhecer os próprios esforços. Mas perder ensina algo igualmente valioso que é a humildade, persistência, coragem de recomeçar.

As derrotas, por mais dolorosas que sejam, não diminuem uma criança. Pelo contrário, fortalecem. São elas que abrem espaço para o aprendizado, que mostram novos caminhos, que ensinam a lidar com a realidade de que nem tudo acontece como planejamos.

Educar, portanto, é muito mais do que livrar os filhos das dificuldades. É prepará-los para a vida real, com todas as suas alegrias e também com seus obstáculos.

O mundo que eles vão encontrar não é feito apenas de aplausos e portas abertas. Haverá momentos de frustração, de tentativas frustradas, de sonhos que precisarão ser reavaliados.

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Amar, de verdade, não é evitar que enfrentem esses momentos, mas acompanhá-los neles. É estar presente para acolher a dor, ajudar a levantar e incentivar a tentar novamente.

Blindar nossos filhos de todas as dores pode parecer proteção, mas é privação. É roubar deles a chance de se descobrirem fortes, autoconfiantes e preparados para a vida adulta.

Criar para a vida real é confiar em sua capacidade de superar, aprender e crescer. É acreditar que, mesmo diante das dificuldades, eles são capazes de florescer.

*Larissa Fonseca é Pedagoga e NeuroPedagoga graduada pela USP, Pós Graduada em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Educação Infantil. Autora do livro Dúvidas de Mãe.

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres