Mariana Kotscho
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Inteligência Artificial na Educação: se bem utilizada, uma aliada do professor

Especialista em tecnologia aponta como a IA pode auxiliar alunos e apoiar professores, sendo assim uma aliada

Redação* Publicado em 23/10/2025, às 06h00

Como a IA pode ser aliada da educação - pexels
Como a IA pode ser aliada da educação - pexels

Sete em cada dez alunos do ensino médio no Brasil utilizam ferramentas de inteligência artificial em suas atividades escolares, mas apenas 32% receberam orientação sobre seu uso, evidenciando uma lacuna na formação educacional.

A integração da IA no ensino pode personalizar a aprendizagem e liberar tempo para os professores, mas exige uma abordagem ética e pedagógica que priorize o vínculo humano e a formação continuada dos educadores.

A FourC Bilingual Academy adota práticas de uso consciente da IA, promovendo letramento digital e um comitê para sistematizar boas práticas, com foco na ética e no impacto positivo na comunidade escolar.

Resumo gerado por IA

A inteligência artificial já é parte do cotidiano escolar de milhares de estudantes brasileiros. De acordo com a 15ª edição da pesquisa TIC Educação, sete em cada dez alunos do ensino médio com acesso à internet utilizam ferramentas de IA generativa, como ChatGPT, Gemini ou Copilot, em suas atividades escolares. No entanto, ainda há falta de orientação sobre como utilizar essas tecnologias: apenas 32% desses estudantes afirmam ter recebido alguma instrução em sala de aula sobre o tema.

Nesse contexto, a integração da IA ao ensino aparece como uma oportunidade de transformar a aprendizagem, mas também como um desafio que exige formação docente, ética e adaptação pedagógica. Para a professora de tecnologia da FourC Bilingual Academy e doutora em mídia e tecnologia Priscilla Aparecida Santana Bittencourt, a inteligência artificial não deve ser vista como uma substituta do professor, mas como aliada.

“A inteligência artificial potencializa o ensino em várias dimensões. Ela amplia a personalização da aprendizagem, permitindo que cada aluno avance no seu ritmo, automatiza tarefas repetitivas, libera tempo para o professor atuar de forma mais reflexiva e criativa e ainda fornece dados concretos para a tomada de decisões pedagógicas. Na FourC, entendemos a IA não como substituta do professor, mas como uma ferramenta que amplia a inteligência humana, ajudando a criar experiências de aprendizagem mais significativas, críticas e éticas”, explica Priscilla.

A professora destaca que a tecnologia pode impulsionar a inclusão, já que adapta conteúdos às necessidades individuais dos alunos, ao mesmo tempo em que oferece feedback imediato e libera os educadores para se dedicarem a tarefas que exigem mais intencionalidade e vínculo humano. “Mais do que uma ferramenta, a IA é um convite para repensarmos o sentido da educação em um mundo em constante mudança, porque educar com inteligência artificial é, sobretudo, educar para uma inteligência mais humana”, completa Priscilla.

Para que a integração tecnológica seja eficaz, Priscilla elenca cinco práticas fundamentais: começar pequeno, escolhendo uma necessidade real da sala de aula antes de adotar a IA de forma mais ampla; promover o uso ético e transparente, ensinando os alunos a compreender os limites e modos de funcionamento das ferramentas; utilizar a IA como instrumento de coautoria, apoiando o planejamento e a criação de materiais didáticos; estimular o pensamento crítico, incentivando os estudantes a validarem e questionarem informações; e, por fim, compartilhar experiências, construindo coletivamente uma cultura de uso consciente e criativo.

Apesar dos aspectos positivos, alguns fatores de atenção também precisam estar no centro da discussão. Questões como a proteção da privacidade e dos dados dos alunos, o enfrentamento de vieses algorítmicos e a preservação do protagonismo humano no processo de ensino-aprendizagem devem ser tratados com cuidado. A formação continuada de professores é apontada como essencial para que o uso da IA vá além da facilitação tecnológica. “A IA precisa estar a serviço da educação, e não o contrário. Ela pode automatizar tarefas, mas nunca substituir o vínculo humano, que é o verdadeiro motor do aprendizado”, ressalta Priscilla.

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Na FourC, a integração da IA está inserida em uma cultura de inovação e colaboração. A instituição promove letramento digital e introdução à engenharia de prompts tanto para alunos quanto para colaboradores, sistematiza boas práticas por meio do Comitê de IA, o Grupo GIA (Grupo de Inteligência Aumentada) e utiliza ferramentas de inteligência artificial em processos pedagógicos e administrativos, sempre priorizando a ética, a personalização e o impacto positivo para a comunidade escolar.

Priscilla reforça que a inteligência artificial representa uma mudança na educação, mas só faz sentido quando vinculada a uma visão humanista. “Mais do que dominar ferramentas, o desafio é formar cidadãos críticos e éticos, capazes de dialogar com as tecnologias de forma criativa e consciente. Nosso papel é justamente ensinar as novas gerações a usar a inteligência artificial com inteligência emocional”, conclui Priscilla.

*Sobre a FourC Bilingual Academy: Com a missão de formar cidadãos globais para uma nova sociedade, a FourC Bilingual Academy é uma escola sediada em Bauru, interior de São Paulo, que possui mais de 600 alunos e 15 anos de experiência no ensino bilíngue. Fundada pela empreendedora americana Sara Hughes, a instituição de ensino se baseia em 4 fundamentos: pensamento crítico, colaboração, cultura e cidadania. O trabalho é realizado junto a uma equipe de profissionais capacitados que fomentam a autonomia dos alunos, ampliando seus recursos e criando oportunidades de desenvolvimento.

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres