Data nos convida a revisitar a trajetória de lutas e conquistas que moldaram o movimento da pessoa com deficiência
Renata Trefiglio* Publicado em 21/09/2024, às 06h00
O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro e instituído pela Lei nº 11.133/2005, é um marco importante para refletirmos sobre a inclusão, os direitos e os desafios enfrentados por milhões de brasileiros. Essa data nos convida a revisitar a trajetória de lutas e conquistas que moldaram o movimento das pessoas com deficiência, ao mesmo tempo que aponta para os desafios que ainda persistem na busca por uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Por deficiências, consideramos cinco categorias: deficiência física, visual, auditiva, intelectual e múltipla.
A luta das pessoas com deficiência no Brasil se desenrola ao longo de décadas, com importantes avanços na legislação e nas políticas públicas. A promulgação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em 2015, representou um marco fundamental ao garantir direitos, como acessibilidade e inclusão, e estabelecer que pessoas com deficiência têm direito à igualdade de oportunidades. A LBI consolidou o entendimento de que a deficiência não se resume a limitações individuais, mas envolve também barreiras sociais e culturais que precisam ser derrubadas. Contudo, apesar dos avanços, ainda estamos longe de uma sociedade que garanta, de forma plena, a inclusão das pessoas com deficiência. O preconceito, a falta de acessibilidade em muitos espaços públicos e privados, a inserção no mercado de trabalho e a inclusão escolar são alguns dos muitos desafios enfrentados.
Entre as muitas esferas em que a inclusão deve ser praticada, a escola tem um papel central. A educação inclusiva não é apenas um direito das pessoas com deficiência, mas também uma oportunidade para toda a sociedade. Quando as escolas se comprometem com a inclusão, elas ajudam a formar cidadãos mais conscientes, empáticos e preparados para lidar com a diversidade.
As escolas desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão, ao garantir que estudantes com deficiência tenham seus direitos respeitados e sejam parte ativa do ambiente escolar. Isso inclui a elaboração de Planos de Desenvolvimento Individual (PDIs), a adaptação curricular e a presença de profissionais de apoio. Além disso, é essencial que os educadores recebam formação contínua para lidar com as necessidades específicas desses alunos, promovendo um ambiente acolhedor e acessível.
Iniciativas de inclusão escolar são essenciais para que as crianças e adolescentes com deficiência possam desenvolver todo o seu potencial, tanto acadêmico quanto social. O impacto de uma educação inclusiva vai além dos muros da escola, pois contribui para a formação de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade é reconhecida como um valor fundamental.
O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência é um momento de celebração pelas conquistas alcançadas, mas também de reflexão sobre os desafios que ainda persistem. A luta por uma sociedade inclusiva não se limita a uma data no calendário, mas é um compromisso diário de todos nós — indivíduos, instituições e poder público.
Projetos de lei como os que buscam reforçar a educação inclusiva e ampliar a acessibilidade são passos importantes, mas ainda há muito a ser feito. O papel da escola é crucial nesse processo, ao garantir que as futuras gerações cresçam em um ambiente que valorize a inclusão e o respeito às diferenças. Que possamos seguir avançando, com a certeza de que a inclusão é o caminho para uma sociedade mais justa e igualitária.
*Renata Trefiglio é Pedagoga e Psicopedagoga com Especialização em Neuropsicologia. Atua como Diretora na Camino School do Whole Child Development. PhD em Child, Youth and Family Studies pela Universidade de Nebraska-Lincoln (UNL/EUA), com especialização em Desenvolvimento Infantil e Primeira Infância e Métodos Quantitativos, Qualitativos e Psicométricos de Pesquisa.
