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O que diz o relatório de pesquisadores que querem frear a onda de ataques em escolas

Documento aponta medidas para conter a onda de ataques da extrema direita em escolas

Raphael Preto Pereira* Publicado em 06/04/2023, às 08h00

A escola precisa ser um local seguro
A escola precisa ser um local seguro

Apesar da ausência de planos federais para evitar ou monitorar a possibilidade de ataques em escolas públicas, o governo tem, ao menos desde o fim do período de transição, em janeiro deste ano, um relatório produzido por educadores e pesquisadores que apresenta boas práticas para conter os ataques de extrema direita nas escolas.

O documento não tem relação direta com as equipes que cuidaram da passagem de governo, mas autores do relatório participaram, em caráter pessoal, de equipes que apresentaram diagnósticos para diferentes áreas logo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado.

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Entre os autores da publicação estão pesquisadores da área da educação, como Daniel Cara, pesquisador da área da educação na Faculdade de Educação da USP, e  Mírian Abramovay, que atualmente ocupa o cargo de coordenadora de políticas para a juventude da Flasco (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais).

O relatório apresenta a preocupação dos autores com a cooptação de jovens por movimentos de extrema e deixa claro que, na maioria das vezes, isso ocorre por meio de interações virtuais às quais os jovens estão expostos diariamente.

Neste caso, o relatório cita especificamente: “aplicativos de mensagem, jogos, fóruns de discussão e redes sociais”, ressaltando que muitas vezes o conteúdo encontrado nessas plataformas é "extremista."

Há também uma citação expressa no relatório a projetos de lei como o “Escola sem Partido” que, segundo seus defensores, visa proteger os alunos de uma suposta doutrinação marxista, nunca comprovada nas escolas.

O documento aponta que o teor dessas denúncias tem provocado “adoecimento docente, ataques e ameaças de morte aos atores envolvidos.” Além disso, o documento questiona a publicização de atos de violência nas escolas, apresentando uma lista em que parlamentares e celebridades expuseram a comunidade escolar quando professores ou escolas pretendiam tratar em sala de aula questões como gênero identitário e política.


O que fazer?


Entre as medidas de prevenção apontadas pelo relatório, está a criação de grupos permanentes de monitoramento dos grupos extremistas.
Além disso, é proposto o desarmamento da população e uma maior fiscalização dos clubes de tiro. Essas duas medidas já foram colocadas em prática pelo governo Lula no primeiro dia do mandato.


E nas escolas?

O documento também ressalta a importância de manter no currículo escolar matérias como sociologia e filosofia. Na reforma do ensino médio, elas tiveram sua carga reduzida e foram condessadas na grande área de ciências sociais aplicadas.

*Raphael Preto Pereira é jornalista de educação e colaborador deste site