Mariana Kotscho
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Mulheres empreendedoras transformam dores em negócios bem sucedidos

Empreendedoras comentam as dificuldades que mulheres enfrentam no mercado de trabalho e como os obstáculos podem ser superados

Redação Publicado em 30/07/2023, às 14h00

Houve um aumento de 13% para 17% na quantidade de mulheres CEO’s no país
Houve um aumento de 13% para 17% na quantidade de mulheres CEO’s no país

No ambiente empresarial brasileiro, as mulheres líderes enfrentam diariamente desafios que vão além de suas responsabilidades profissionais. A falta de credibilidade, que ainda rodeia o ambiente profissional, e a Síndrome da Impostora são obstáculos recorrentes que ainda limitam o progresso das mulheres na busca por igualdade de gênero nas empresas. Apesar dessas dificuldades, o número crescente de mulheres CEOs e empreendedoras mostra como elas estão atentas às necessidades e demandas da sociedade, transformando suas experiências em negócios bem-sucedidos.

Atualmente no Brasil, há um aumento significativo no número de mulheres CEOs em empresas de destaque. De acordo com um estudo realizado pelo Talenses Group e o Insper, chamado de Panorama Mulheres 2023, houve um aumento de 13% para 17% na quantidade de mulheres CEO’s no país e esse percentual deve ultrapassar 20% no ano que vem. É importante ressaltar que mesmo que o público feminino vem se destacando como líderes em diversos setores, muitas mulheres ainda enfrentam desafios ao longo do caminho, incluindo a falta de credibilidade atribuída às suas habilidades e competências.

Uma das questões enfrentadas pelas mulheres líderes é a falta de credibilidade institucional. Mesmo com um histórico de competência e experiência, muitas vezes suas capacidades são questionadas e subestimadas. Essa desconfiança pode ser atribuída a estereótipos de gênero profundamente enraizados na sociedade, que tendem a associar liderança e tomada de decisões estratégicas a características masculinas. No entanto, as mulheres líderes têm provado repetidamente seu valor, habilidade e talento, conquistando resultados impressionantes em suas posições.

Nesse contexto, é notável que, nos últimos anos, muitas mulheres têm transformado suas experiências e as dores enfrentadas pela sociedade em diversos setores, em negócios e empreendimentos bem-sucedidos. 

Dessa forma, muitas femtechs foram criadas para trazer soluções para alguma questão feminina. Como é o caso da marca de sexual wellness Feel&Lilit. Para Marina Ratton, CEO da startup, os preconceitos em torno da sexualidade feminina e a erotização do corpo da mulher dificultam a conexão e autoconhecimento da mulher com sua sexualidade, algo muito importante de se falar. “A Feel & Lilit nasceu para mostrar que sexualidade e saúde estão interligadas, por meio de soluções em serviços e produtos em prol do bem-estar feminino.”, afirma. 

A fim de quebrar outro tabu acerca do universo feminino, a Herself, fundada por Raíssa Assmann Kist, tem a finalidade de trazer à tona o assunto menstruação de suas mais diversas formas como algo natural da vida da mulher que menstrua. “ A Herself além de oferecer calcinhas absorventes reutilizáveis e tecnológicas, que tragam conforto e segurança para a mulher no período menstrual, tem a missão de falar sobre o assunto para levar dignidade menstrual a todas as pessoas que menstruam.”, pontua Raíssa. 

Outra mulher que fez do limão uma limonada, foi Márcia Cunha, fundadora e CEO da femtech Plenapausa, que tem foco em uma outra dor social,  também considerado um grande paradigma: a menopausa. “Recentemente fizemos uma pesquisa para saber se as pessoas sabiam de fato o que é a menopausa e constatamos nas respostas o quanto as pessoas são desinformadas. Por isso, a Plenapausa nasceu para atender essas mulheres por meio de informação, apoio, direcionamento e com a oferta de produtos, para que possam se preparar para uma fase em que, praticamente, todas as mulheres vão passar.”, diz Márcia.  

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Síndrome da Impostora

A Síndrome da Impostora é outro desafio enfrentado por muitas mulheres líderes. Essa síndrome psicológica faz com que mulheres bem-sucedidas duvidem de suas conquistas, fazendo com que não se sintam merecedoras de suas posições e suas realizações. Essa autopercepção negativa pode afetar sua confiança e levá-las a questionar sua capacidade de liderança. É importante ressaltar que a síndrome da impostora é uma manifestação de desafios estruturais e preconceitos de gênero que ainda permeiam a sociedade e o ambiente corporativo. Uma pesquisa feita pela Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, apontou que 70% das mulheres entrevistadas sentiam-se uma farsa no trabalho. Um outro estudo realizado pela KPMG -  consultoria de gestão,  a síndrome da impostora afeta a auto confiança de cerca de 75% das mulheres no mercado de trabalho. 

É muito fácil cairmos nesse lugar da negação e da dúvida de que estamos fazendo um bom trabalho, mesmo com resultados incríveis bem na nossa cara. Acredito que seja um caminho longo ainda a percorrer, mas que precisamos de pouquinho em pouquinho olhar para o que estamos construindo diariamente e ter a certeza de que somos capazes como qualquer outra pessoa, independente do gênero.”, ressalta Fernanda Cunha, CEO da empresa de marketing e performance Kipiai. 

Lei pela igualdade de gênero

No âmbito da igualdade de gênero, uma lei sancionada recentemente pelo presidente Lula tem como objetivo combater a disparidade salarial entre homens e mulheres no ambiente de trabalho. Essa legislação estabelece multas para empresas que remuneram de forma diferente homens e mulheres ocupando o mesmo cargo. A medida é um avanço importante na busca pela equidade salarial, incentivando práticas mais justas e igualitárias nas empresas. A nova lei reforça a importância de valorizar e reconhecer o trabalho das mulheres, além de contribuir para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Para Marina Daur, CMO e a voz feminina da heathtech Omens, startup focada na saúde e bem-estar masculino, diz já ter notado um espaço maior para que a mulher possa ter voz e mostrar seu potencial. “Eu saí do setor de bebidas, que, praticamente, é dominado pelo público masculino, para entrar na área da saúde para o homem. Apesar de ainda ter muito o que percorrermos, acredito que estamos trilhando o caminho de mostrar nossa força e capacidade profissional.”, destaca.