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As escolas precisam acordar para a inclusão

Diretora da ONG Nosso Olhar afirma que colégios tem falhas importantes ao integrar alunos com deficiência

Redação Publicado em 25/11/2023, às 06h00

Toda escola precisa ter mecanismos de inclusãso
Toda escola precisa ter mecanismos de inclusãso

Em 2018, Chico Alvarenga entrou na escola Pio XII. Tinha 6 anos e seria alfabetizado em uma escola de elite paulistana que teoricamente teria uma boa frente de acessibilidade. Teoricamente. Chico tem síndrome de Down e a mãe, Thaíssa Alvarenga, criou a ONG Nosso Olhar com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre pessoas com deficiência e compartilhar experiências sobre a Trissomia21 e outras deficiências.

Para agregar essa sua experiência à escola, em 2021 Thaíssa criou um comitê para discussão da diversidade e inclusão e convocou algumas famílias para falar sobre o tema. Ela então sugeriu à direção fazer reuniões periódicas com esse comitê para melhorar a acessibilidade na escola. Só este ano a direção trouxe uma consultora, porque antes tudo ficava na dependência desse comitê. "Agora começou a engatinhar, mas a escola não tem nem plaqueamento de acessibilidade no estacionamento, que é lei", diz Thaíssa. "Tive mais de 15 reuniões nesses anos, levando profissionais para dar consultoria e convocando famílias típicas e atípicas para se envolverem", afirma.

Durante os seis anos que o menino ficou na escola, Thaíssa insistiu para que houvesse uma comissão para acessibilidade. Além disso, o que a incomoda é que o Chico vai deixar o colégio sem estar alfabetizado. “Pedi a retenção dele e levaram ao conselho de classe e foi aceito que ele saia retido porque ele ainda não está alfabetizado e vai para uma nova escola”, conta ela.

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As irmãs mais novas do Chico, Maria Clara e Maria Antônia também vão deixar a escola. Thaíssa afirma que só os manteve por tanto tempo lá porque Chico era bem acolhido pelos amiguinhos. O problema era a falta de estrutura e de pessoal qualificado para atender pessoas com deficiência. Outra mãe, Jaqueline Amaral, tem um filho com autismo, e ela contou que o garoto não foi bem integrado na sala de aula pela professora e teve de mudar de sala, tamanho o sofrimento que passou. “Tenho tudo registrado. Foram momentos muito difíceis”, diz Jaqueline.

Thaíssa quis dar esse alerta para que pais com crianças com deficiência cheque as escolas. “É importante prestar atenção nos detalhes e tentar conhecer o corpo docente. As escolas particulares e não só as públicas precisam acordar para a questão da inclusão”, finaliza ela.

Sobre a ONG Nosso Olhar

O embrião da Nosso Olhar foi um blog que surgiu com a chegada do Chico, em 2016. Chico nasceu com síndrome de Down (Trissomia21). A mãe, Thaissa Alvarenga, começou a escrever o blog e o projeto foi evoluindo até a criação da Nosso Olhar, em 2018. Hoje, a instituição tem mais de sete projetos, todos voltados para educação, esporte, cultura, sensibilização e conscientização. Thaissa Alvarenga colabora com a coluna da Mariana Kotscho, no UOL.