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IA redefine o mercado global de talentos: jovens brasileiros no exterior miram o retorno ao Brasil

O avanço da inteligência artificial transforma o mercado global de talentos e redefine o que significa ser relevante na carreira

Rodrigo Vianna* Publicado em 26/11/2025, às 06h00

Tela de computador
Avanço da IA não está redesenhando o mapa global das carreiras. - Foto: Canva Pro

O interesse de jovens brasileiros formados no exterior em retornar ao país para desenvolver suas carreiras tem crescido, especialmente em meio às discussões sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho. Esse fenômeno, evidenciado durante o BRASA Summit em Boston, reflete uma mudança na percepção do Brasil como um espaço de oportunidades.

As restrições migratórias em países como os Estados Unidos e a Europa, além da competição por vistos de trabalho, têm levado muitos a reconsiderar seus planos de permanência no exterior. Assim, um número crescente de profissionais está voltando sua atenção para o Brasil, que se apresenta como um ambiente propício para inovação e crescimento.

Iniciativas como o programa Connecting Global Talents, que conecta jovens com experiência internacional a empresas brasileiras, destacam a busca por diversidade e inovação no mercado local. O retorno ao Brasil é visto não apenas como uma mudança geográfica, mas como uma escolha significativa para participar da transformação do trabalho e do país.

Resumo gerado por IA

Enquanto a inteligência artificial domina as conversas sobre o futuro do trabalho, cresce entre jovens brasileiros no exterior o interesse em retornar ao país e construir suas carreiras a partir daqui. Esse fenômeno ficou evidente há algumas semanas, em Boston, durante o BRASA Summit Americas, evento organizado pela Brazilian Student Association (BRASA) na Northeastern University, do qual participei.

O avanço da IA não está apenas transformando o modo como trabalhamos. Está também redesenhando o mapa global das carreiras. De universidades americanas, a hubs de inovação brasileiros, surge uma nova dinâmica de mobilidade profissional. A chamada “fuga reversa” de talentos mostra que jovens formados no exterior, voltam a enxergar o país como espaço de oportunidade e de construção de futuro.

A inteligência artificial se consolidou como o principal eixo das discussões sobre produtividade, empregabilidade e propósito. Mais do que uma ferramenta tecnológica, ela redefine o que significa ser relevante em um mercado em constante mutação. O talento global, antes medido pela mobilidade física, passa a se definir pela capacidade de aprender continuamente, adaptar-se a novas ferramentas e combinar domínio técnico com sensibilidade humana.

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Essa transformação vem acompanhada de outro movimento. As restrições migratórias, mais severas em países como Estados Unidos e na Europa, somadas à competição acirrada por vistos de trabalho, têm alterado os planos de muitos jovens. Se até poucos anos atrás a trajetória “estudar fora e ficar” parecia o caminho natural, hoje cresce o número de profissionais que voltam seus olhos novamente para o Brasil como um ambiente fértil para inovação, impacto e crescimento.

Ao mesmo tempo, o país vive um amadurecimento do seu próprio ecossistema de talentos. Startups e grandes empresas têm buscado profissionais com repertório internacional e mentalidade digital. Iniciativas como o programa Connecting Global Talents, resultado da parceria entre a Mappit e a BRASA, mostram como é possível aproximar organizações e jovens que desejam aplicar sua experiência global no contexto brasileiro. Essa reconexão é estratégica para as empresas que buscam diversidade de perspectivas e competências voltadas à inovação.

Essa é uma geração que cresceu com a tecnologia nas mãos, mas que agora enfrenta dilemas inéditos diante da IA. A pergunta já não é “a máquina vai me substituir?”, e sim “como posso usar a máquina para potencializar o que tenho de mais humano?”. As respostas passam por pensamento crítico, criatividade e empatia, competências que continuam sendo insubstituíveis e que ganham ainda mais valor em um ambiente cada vez mais automatizado.

O mercado brasileiro, em transformação acelerada, oferece hoje um laboratório vivo para essa nova etapa. A automação vem liberando tempo para o que realmente importa: resolver problemas complexos, tomar decisões com propósito e construir relações mais genuínas dentro das empresas. Nesse contexto, o retorno ao Brasil deixa de ser um simples movimento geográfico e passa a simbolizar uma escolha de significado, a decisão de participar ativamente da reinvenção do trabalho e do país.

A nova geografia do talento não se desenha apenas por fronteiras físicas, mas por vínculos intencionais. Jovens brasileiros formados no exterior voltam porque querem contribuir com a transformação que acontece aqui. E talvez o verdadeiro movimento de futuro seja esse: menos sobre onde estar, mais sobre o que construir.

* Rodrigo Vianna é CEO da Mappit e cofundador do Talenses Group.

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