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A reflexão profunda sobre o viver

Uma coletânea de 140 poemas que convida à reflexão sobre a vida e emoções

Renata Magliano* Publicado em 16/04/2025, às 06h00

Renata Magliano e sua obra - Arquivo pessoal
Renata Magliano e sua obra - Arquivo pessoal

Em meu livro de estreia, "Trinta e cinco pausas", convido você, leitor, a refletir profundamente sobre a vida e sobre si mesmo. Ao longo de 140 poemas, divididos em quatro partes—Sentir, Sonhar, Viver e Ressignificar—busco oferecer um respiro no meio do caos cotidiano. Minha intenção é proporcionar momentos de introspecção e autodescoberta, permitindo que você se conecte com suas próprias emoções e pensamentos.

Desde a infância, a literatura sempre fez parte da minha vida. Foi graças à minha avó Aldinha que, ainda criança, tive o primeiro contato com o livro "Os mais belos sonetos brasileiros", e desde então a literatura se tornou minha fiel companhia.

Meu avô João, poeta, me inspirava com suas declamações nas reuniões familiares, e isso me marcou profundamente. Foi esse incentivo que me motivou a me aventurar na arte da escrita.

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Escolhi a medicina porque sempre fui fascinada pelos detalhes que revelam a história do corpo humano. Contudo, a minha jornada como médica está intimamente ligada à escrita e à busca por um cuidado que vai além do físico, que envolve também a alma. Eu encontrei, entre a medicina e a poesia, um lugar onde consigo unir ciência e arte para olhar a vida com mais sensibilidade.

Escrever, para mim, é uma forma de cuidar de mim mesma e do outro. Foi nesse contexto que comecei a compartilhar meus poemas no Instagram, através do perfil @re.magliano. Essa experiência se transformou em algo mais profundo e culminou na publicação de "Trinta e cinco pausas", pela Editora Devir.

A obra é um convite para que você faça uma pausa no cotidiano e se permita refletir sobre sua própria existência.

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Os poemas que compõem "Trinta e cinco pausas" são um desabafo sincero sobre aquilo que existe dentro de mim: pensamentos, sentimentos, emoções e anseios. A primeira parte do livro, Sentir, explora o amor e a intensidade com que me entrego a ele. Como escrevi em um dos versos: "Sofro de intensidade, não sei amar pela metade". Para mim, amar não tem medida, é algo imensurável, algo que se sente com todo o corpo e alma.

Em Sonhar, a parte que trata dos sonhos e desejos, busco falar sobre aquilo que nos impulsiona a viver. Falar sobre o ato de sonhar é falar sobre a motivação que nos move todos os dias, sobre os nossos objetivos e metas. Eu mesma vejo a poesia como uma das formas mais puras de sonho, e como escrevi em um dos poemas: "Não reduza a poesia a meras palavras, o que mais é capaz de florear esse mundo?". A poesia, para mim, é a própria essência de quem somos e do que desejamos.

Na parte Viver, a vida é louvada pela sua intensidade e pelo seu dinamismo. É preciso viver com intensidade, agradecer pelas loucuras e pelas confusões quefazem parte da experiência humana. Como escrevi: "Enquanto minhas cortinas estiverem abertas, me faço artista e plateia; prego peça com a vida, brinco no meu palco". Para mim, viver é uma constante criação, uma arte que nos permite experimentar e nos reinventar a cada momento.

Finalmente, em Ressignificar, trato do recomeço. Acredito que a vida é feita de ciclos, e a ressignificação é a chave para se tornar protagonista da própria história. É preciso, como escrevi, "me livrar de pesos velhos" e me permitir recomeçar sempre que necessário, com a liberdade de ser quem sou, sem medo dos desafios que surgem. "Me visto de recomeços, roupas novas, me caem tão bem", afirmo em um dos poemas, celebrando a capacidade de se reinventar.

A escrita, para mim, é mais do que um ofício; ela é parte de quem sou. Escrever e viver se confundem em muitos momentos, e a poesia é uma forma de dançar com a vida. Nos versos finais de "Trinta e cinco pausas", escrevo: "É no mexer das mãos que aparecem palavras, é no dançar das mãos que danço no papel".

Escrever é um movimento constante, uma dança com a vida, e é nesse movimento que me encontro. Convido você a mergulhar nessas páginas e a fazer uma pausa para refletir sobre sua própria existência, sobre seus sentimentos, sonhos e recomeços. Que essa leitura seja um espaço de ressignificação e de conexão com a sua essência.

*Renata Magliano é médica patologista, poetisa e autora do livro, “Trinta e cinco pausas”