Mariana Kotscho
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Oncofertilidade: direito e medicina se encontram no Outubro Rosa

Especialistas de direito e medicina comentam os avanços nos tratamentos do câncer e a preservação da fertilidade

Redação Publicado em 28/10/2022, às 06h00

Prevenção salva vidas
Prevenção salva vidas

Depois dos tumores de pele, o câncer de mama é o tipo mais comum em mulheres por todo o país. De acordo com o INCA, o Instituto Nacional do Câncer, 66.280 novos casos foram estimados para este ano.

Câncer de mama pode interferir no sonho da maternidade 

Em geral, a doença acomete mulheres acima dos 40 anos, mas os médicos alertam que esse câncer leva em média, de sete até dez anos para se manifestar, tempo para que uma célula com gene modificado se transforme em um carcinoma por exemplo, com pelo menos 1 centímetro de diâmetro. “Isso significa que o câncer de mama pode começar a se desenvolver no fim da idade reprodutiva e exigir um tratamento com risco de comprometimento da fertilidade de mulheres que desejam ser mães e não engravidaram antes do diagnóstico”, explica Dr. Alfonso Massaguer, especialista em Medicina Reprodutiva.

Congelamento de óvulos é procedimento indicado

O alerta serve para que as mulheres preservem a fertilidade antes de iniciarem o tratamento oncológico, a partir do congelamento de óvulos, apenas uma das estratégias estudadas pela Oncofertilidade, ciência que une Reprodução Assistida e Oncologia para planejar uma jornada de tratamento com máxima preservação dos sonhos de maternagem da paciente. “Essa união de especialidades permite um estudo amplo de como conduzir o processo para que o essencial seja feito imediatamente, no caso, o tratamento contra o câncer, porém, sem que com as células cancerígenas sejam eliminadas também as chances de engravidar”, explica o especialista, que já atendeu muitas pacientes que comemoraram o nascimento de crianças após enfrentarem um período doloroso de insegurança durante o enfrentamento da doença.

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O que dizem os estudos recentes

A Oncofertilidade tem ainda outra finalidade e a principal é esclarecer os avanços da literatura médica sobre o assunto. Recentemente, uma revisão científica confirmou que mulheres submetidas aos tratamentos de fertilidade não são vítimas potenciais para o câncer de mama, como já se especulou no passado. A meta-análise, ou seja, o estudo aprofundado de um compilado de resultados de outros estudos menores, intitulado “Risco de câncer de mama em mulheres tratadas com medicamentos de estimulação ovariana para infertilidade: revisão sistemática e meta-análise”, analisou conclusões de 20 pesquisas anteriores.

A publicação na revista científica Fertility and Sterilityfoi de que não existe risco aumentado para esse grupo, notícia que tranquiliza quem busca pelos procedimentos e traz ainda mais segurança para quem está no processo.

Uma união necessária

A preservação de fertilidade não está no rol de cobertura da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas algumas decisões jurídicas já determinaram que planos de saúde cubram a preservação da fertilidade durante o tratamento oncológico com o devido acompanhamento médico.

“O Direito e a Medicina Reprodutiva garantem a humanidade de dezenas de milhares de mulheres. Mas a união dessas duas áreas ainda é bastante desconhecida da maioria. Neste período, um mês de conscientização é preciso dizer que médicos e advogados especialistas no assunto, estão de mãos dadas com cada uma delas”, finaliza Dr. Alfonso Massaguer.