A gastroenterologista Dra. Andreia Evangelista explica os sintomas, causas e formas de prevenção das hepatites
Redação Publicado em 30/07/2022, às 17h24
Instituído em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Julho Amarelo é uma campanha que busca conscientizar a população na luta contra as hepatites virais. Segundo a gastroenterologista Dra. Andreia Evangelista, essas condições dizem respeito a doenças infecciosas que levam à inflamação do fígado devido a presença de um vírus.
A maioria dos casos é assintomática, ou seja, pode passar despercebida de sintomas, ou apenas pela presença de manifestações leves e inespecíficas, como febre baixa e indisposição, que geralmente se resolvem de forma rápida e espontânea, sem fazer com que o indivíduo sinta a necessidade de buscar o atendimento médico”, explica a especialista.
Porém, Evangelista também ressalta que algumas pessoas podem a desenvolver sintomas mais intensos, como a icterícia, uma coloração amarelada dos olhos e da pele, além de perda do apetite, muita fraqueza, mal-estar geral, dor abdominal etc. “Apesar desses pacientes geralmente necessitarem de ajuda profissional, é importante destacar que apenas uma pequena parcela evolui para quadros mais graves, em que há até mesmo a necessidade de transplante.”
Entre as principais causas estão os agentes causadores das hepatites virais, ou seja, os vírus hepatotrópicos denominados por letras de A a E, com as hepatites mais prevalentes sendo causadas pelos vírus A, B e C. Já as formas de transmissão variam entre cada fator, com a hepatite A ocorrendo por meio de alimentos contaminados, principalmente frutas, verduras, frutos do mar e água, além de alguns casos podendo surgir por determinadas práticas durante o intercurso sexual.
As hepatites B e C são transmitidas principalmente por meio de contato com sangue contaminado, que pode ocorrer em caso de exposição acidental ou compartilhamento indevido de objetivos cortantes ou perfurantes, como seringas, agulhas, alicates de unha, lâminas de barbear e escovas de dente. A transmissão ainda pode ocorrer pela utilização de materiais não esterilizados durante a colocação de piercings, tatuagens, procedimentos dentários, cirúrgicos etc.
Além desses, também há a transmissão vertical, que pode ocorrer em qualquer momento da gestação, na hora do parto ou na amamentação, especialmente se houver fissuras e sangramento nos mamilos. “Embora a relação sexual desprotegida seja uma forma de transmissão na hepatite B, ela se mostra incerta na hepatite C, onde, porém, já foi documentada, e pode ocorrer em casos, por exemplo, de exposição a algum sangramento do parceiro infectado, como menstruação ou laceração anal e/ou vaginal”, diz Dra. Andreia.
Em todos os casos de suspeita, o paciente deve ser testado para as hepatites, por meio de exames laboratoriais e que detectem possíveis alterações no organismo, inclusive, em indivíduos assintomáticos. Porém, nos casos de hepatite B e especialmente no tipo C, algumas características podem causar maior suscetibilidade de determinados indivíduos à infecção.
“Profissionais da saúde, aqueles que receberam transfusão sanguínea ou transplante de órgãos antes de 1993, ter parceiro sexual ou ter sido amamentado por portador do vírus, portadores de HIV (pela coincidência das formas de transmissão dos vírus), quem já fez uso de drogas injetáveis, quem tiver problemas de baixa imunidade ou portadores de insuficiência renal crônica em hemodiálise são alguns dos principais grupos de risco”, explica Dra. Andreia Evangelista.
Entre as formas de prevenção contra as hepatites B e C, estão o uso de preservativos, não compartilhamento de seringas e agulhas, nem materiais de uso pessoal, como lâmina de barbear, escovas de dente e kits de manicure. Medidas de higiene também são imprescindíveis, como a lavagem e correto cozimento de alimentos, ingestão de água tratada ou fervida, uma adequada e frequente higienização das mãos e principalmente a realização da higiene pessoal antes e depois de relações sexuais.
Lembrando que embora a hepatite C ainda não possua um imunizante que previna sua infecção, para as hepatites A e B já existem vacinas capazes de evitar a contaminação.