Ações por Brumadinho são organizadas pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti para homenagear as vítimas da tragédia e manter suas memórias vivas
Redação Publicado em 24/01/2023, às 06h00
A tragédia do rompimento da Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, maior tragédia ambiental da história brasileira, somadas às perdas humanas, completa quatro anos no dia 25 de janeiro. Com isso, o Instituto Camila e Luiz Taliberti, uma iniciativa coletiva de amigos e familiares de Camila e Luiz Taliberti, vítimas do ocorrido, organiza nesta data uma série de manifestações para relembrar o acontecido e manter em pauta as causas da tragédia, as 272 vítimas, a impunidade dos culpados e as consequências ambientais.
A partir das 10h horas do dia 25, acontecerá um ato na Avenida Paulista com a Pamplona, em São Paulo, que contará com uma tenda, que será um espaço informativo sobre a tragédia e o tema ambiental, assim como cartazes, performances artísticas e o disparo da sirene, que não tocou no dia da tragédia. Um porta voz do Instituto fará um pronunciamento falando sobre os desdobramentos da tragédia até os dias de hoje, reforçando o seu grande impacto com o objetivo de fazer com que o ocorrido não seja esquecido e não se repita.
Ainda em janeiro, o mês da memória da tragédia, o Instituto fará o lançamento do Manifesto Basta de Impunidade, que pede por justiça no caso de Brumadinho e para que se devolva o processo à Justiça Estadual e inicie o julgamento imediatamente. O Instituto também promoverá uma visita à SOS Mata Atlântica, com quem fez parceria no plantio de 272 mudas que representaram as vítimas da tragédia.
Por último, acontecerá o lançamento do acervo digital - Acervo Memórias e Impactos na Mineração - no site do ICLT, que conta com mais de 700 materiais digitais. Um vídeo sobre os quatro anos da tragédia também será divulgado em conjunto com parceiros e apoiadores nas redes sociais.
As ações deste ano fazem parte do Manifesto que será lançado também no dia 25 de janeiro pois, até hoje, o sistema judiciário brasileiro não conseguiu fixar, em caráter definitivo, qual o juízo competente para processar e julgar os acusados que respondem por homicídio doloso qualificado e diversos outros crimes. O resultado do vai e vem processual é que há quatro anos os culpados seguem impunes, os réus recorrem sucessivamente de todas as decisões que lhes são desfavoráveis, com nítido intuito de protelar o julgamento e possíveis condenações criminais decorrentes.
Quatro anos depois, ainda há muitos questionamentos entre os familiares das vítimas. A luta para que outras tragédias como esta não ocorram e para que haja responsabilização dos culpados é diária.
“A criação do Instituto Camila e Luiz Taliberti é fruto da responsabilidade que temos em não ficar calados. Voluntários juntaram-se a nós não somente para continuar o legado da Camila e do Luiz na defesa do meio ambiente e das pessoas mais vulneráveis, mas também para ser e dar voz a quem precisa falar, para que tragédias como a de Brumadinho não se repitam no Brasil e no mundo. Afinal, os mortos dependem de nós para serem imortais”, afirma Helena Taliberti, presidente do Instituto.
As ações promovidas pelo ICLT são um grito de esperança contra a impunidade e a favor da justiça, honrando a memória das vítimas e conscientizando a população. “Nós não vamos parar. Não se pode esquecer que vidas foram ceifadas por não terem valor diante da busca incessante por produtividade e lucro. É preciso que a humanidade resgate o sentido da vida em toda sua plenitude. Não temos planeta B. Tentaram nos enterrar, não sabiam que éramos sementes. Somos sementes, todos nós!”, finaliza Helena.
Local: Esquina da Avenida Paulista com Rua Pamplona
Data: 25 de janeiro de 2023
Concentração: 11h30 Disparo da sirene e discurso de porta-voz: 12h28 Apresentação Grupo XXX: 13h
O Instituto é uma iniciativa coletiva de amigos e familiares de Camila e Luiz Taliberti, vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. O Instituto tem como missão atuar em temas socioambientais, a defesa dos direitos humanos, o empoderamento de grupos vulneráveis, especialmente mulheres, e a proteção do meio ambiente contra ações danosas.