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Câncer de próstata: mitos e verdades que você precisa saber

No mês de conscientização sobre o câncer de próstata especialista esclarece as principais dúvidas e orienta sobre a importância do diagnóstico precoce

Redação* Publicado em 15/11/2023, às 06h00

O diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para aumentar as chances de cura
O diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para aumentar as chances de cura

O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum no país, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em 2020, quase 16 mil brasileiros morreram com a doença e, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), são estimados 71.730 novos casos da doença no país para o triênio de 2023 a 2025.

O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, que podem chegar a 90%, segundo o Inca. Por isso, criou-se o Novembro Azul, uma campanha que visa alertar a população sobre a necessidade de realizar exames periódicos e cuidar da saúde de forma integral.

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No entanto, há muitas dúvidas, medos e preconceitos em relação ao câncer de próstata e aos seus métodos de detecção. Pensando nisso, o Dr. Carlo Passerotti, coordenador do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esclarece quais são os mitos e verdades sobre o assunto:

  1. O câncer de próstata é uma doença exclusiva entre homens idosos.

Mito

O câncer de próstata pode ocorrer em homens de qualquer idade, mas é mais frequente a partir dos 50 anos, podendo ocorrer até mesmo antes dos 40 anos. Aproximadamente 62% dos casos são diagnosticados em pacientes acima dos 65 anos, portanto a vigilância deve começar mais cedo. Além disso, fatores como familiares e obesidade podem aumentar o risco da doença.

  1. Minha família não tem antecedentes de câncer de próstata, portanto minhas probabilidades de desenvolver essa doença são muito baixas.

Mito

Apesar de um histórico familiar positivo dobrar as chances de ter a doença, cerca de 85% dos casos ocorrem em homens sem parentes com câncer de próstata. Hábitos alimentares, obesidade e estilo de vida, além também de idade, pode determinar o aparecimento da neoplasia. Portanto, todo homem deve ficar atento aos sinais e fazer os exames recomendados pelo médico.

  1. A ausência de qualquer sintoma indica a ausência de câncer de próstata.

Mito

O câncer de próstata é uma doença silenciosa, que geralmente não apresenta sintomas iniciais. Quando eles surgem, podem ser confundidos com outras condições, como infecção urinária ou hiperplasia benigna da próstata. Os sintomas mais comuns são: dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou interrompido, urgência para urinar, dor ou ardor ao urinar, sangue na urina ou no sêmen, dor na região pélvica ou lombar e disfunção erétil. Portanto, é essencial realizar exames regulares.

  1. O exame de PSA, somente, é capaz de identificar a presença de câncer de próstata.

Mito

O exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) é um teste sanguíneo que avalia os níveis desse antígeno no sangue, o qual é produzido naturalmente pelo tecido prostático e está presente tanto na corrente sanguínea quanto no sêmen. É importante destacar que o PSA pode estar elevado em diversas situações, como infecções, inflamações ou crescimento benigno da próstata.

Portanto, um nível elevado de PSA por si só não é suficiente para diagnosticar o câncer de próstata, mas serve como um forte indicativo para a realização de outros exames. Por outro lado, um PSA baixo não descarta completamente a possibilidade de câncer de próstata, sendo necessário considerar outros fatores e realizar uma avaliação médica completa para obter um diagnóstico preciso.

  1. Um nível elevado de PSA pode garantir, a presença de câncer de próstata.

Nem sempre

Como já mencionado, o PSA pode estar alto por outros motivos que não o câncer. Além disso, existem casos em que o PSA está normal e o homem tem câncer de próstata. Por isso, é importante avaliar outros fatores, como idade, histórico familiar e resultados anteriores do PSA.

  1. Ter um nível baixo de PSA não implica necessariamente a ausência de câncer de próstata.

Nem sempre

Cerca de 15% dos homens com níveis normais de PSA têm câncer de próstata. Além disso, alguns tumores de próstata podem não produzir PSA ou produzir em quantidades muito baixas, dificultando a sua detecção.

  1. O exame de toque retal é necessário mesmo quando o PSA é realizado.

Verdade

O exame de toque retal é um procedimento simples, rápido e indolor, para palpar a próstata e verificar se há alterações em seu tamanho, forma ou consistência. Ele é essencial para complementar o exame PSA, pois permite identificar lesões que podem não ser detectadas pelo teste de sangue. Além disso, ele pode ajudar a definir a necessidade e a localização da biópsia da próstata, que é o único exame capaz de confirmar o diagnóstico de câncer. Portanto, ambos os exames devem ser realizados juntos para uma detecção eficaz, uma vez que são complementares.

  1. Manter ou não uma vida sexual ativa, usar cueca apertada ou passar muito tempo sentado provoca câncer de próstata.

Mito

Esses fatores não têm nenhuma relação com o desenvolvimento de tumores de próstata. O que pode influenciar o risco da doença são hábitos como tabagismo, alcoolismo, alimentação inadequada e sedentarismo. Inclusive, alguns estudos indicam que uma vida sexualmente ativa pode até reduzir o risco de neoplasia de próstata.

  1. Não há sintomas de câncer de próstata em estágio inicial.

Verdade

Normalmente, isso é verdade. No entanto, alguns homens podem apresentar sintomas urinários devido ao envelhecimento e ao aumento da próstata, que ocorre com o passar dos anos. Sintomas como dificuldade miccional, aumento da frequência urinária, esvaziamento incompleto e acordar durante a noite para urinar podem ocorrer simultaneamente e causar confusão, podendo ser decorrentes da hiperplasia benigna da próstata. Portanto, é importante consultar um médico urologista para esclarecer a causa dos sintomas e realizar os exames adequados.

  1. O câncer de próstata não é curável.

Mito

O câncer de próstata tem cura sim, desde que seja diagnosticado precocemente e tratado adequadamente, as chances chegam a 90% de cura. Existem diversas opções de tratamento para o câncer de próstata, como cirurgia, radioterapia, braquiterapia, hormonioterapia e quimioterapia. A escolha do tratamento depende do estágio da doença, das características do tumor, da idade e das condições clínicas do paciente. O objetivo do tratamento é eliminar o tumor, preservar a função sexual e urinária e evitar as complicações da doença.

  1. Não existe prevenção para o câncer de próstata.

Verdade

Porém, não existe uma forma de prevenir o câncer de próstata, mas existem medidas que podem reduzir o risco ou facilitar a detecção precoce da doença. Entre elas estão: manter uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e cereais integrais; diminuir a gordura da dieta e ingerir alimentos que contenham licopeno (tomate); praticar atividade física regularmente; evitar o consumo excessivo de álcool; não fumar; realizar consultas médicas periódicas e fazer os exames de rastreamento conforme a orientação do médico.

  1. Traumas na região peniana aumentam os riscos de câncer de próstata.

Mito

Não há evidências científicas que comprovem essa relação. Os traumas na região peniana podem causar dor, sangramento, infecção ou deformidade do órgão, mas não aumentam o risco de câncer de próstata.

  1. Transexuais femininas precisam fazer exame de próstata.

Verdade

Sim. Mulheres transgênero, travestis e pessoas não binárias também devem fazer os exames de próstata conforme a recomendação médica. Isso porque elas ainda têm a glândula prostática e podem desenvolver câncer nela. O uso de hormônios femininos pode reduzir o tamanho da próstata e os níveis de PSA, mas não elimina totalmente o risco da doença.

*Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um centro hospitalar de grande porte e referência em alta complexidade. Com 126 anos de história, oferece aos pacientes acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI), principal agência mundial de acreditação em saúde. Com corpo clínico renomado, formado por mais de 5 mil médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país, o Hospital tem capacidade total instalada de 806 leitos, sendo 583 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua na área pública como uma das Entidades de Saúde de Reconhecida Excelência (ESRE) do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.