Médicos de reprodução humana fazem parte da equipe multidisciplinar que trata doenças da próstata como o câncer, para preservar a fertilidade masculina
Redação Publicado em 23/11/2022, às 06h34
Criado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em meados de 2011, a campanha Novembro Azul marca o calendário de conscientização para a saúde com o alerta para o câncer de próstata, o tipo mais comum entre os homens depois dos tumores de pele. Assim como o câncer de mama, quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura aumentam, mas ainda falta muita informação sobre o tema. Pesquisas indicam que os homens são muito menos disciplinados do que as mulheres quando o assunto é prevenção.
A partir dos 45 anos, segundo os urologistas e oncologistas, as luzes de atenção se acendem, o check-up deve ser anual. Já para homens com casos de câncer na família, a recomendação médica é de iniciar as avaliações cinco anos antes, aos 40.
Após uma boa conversa com o médico durante a anamnese, momento em que são avaliados os fatores de risco, como por exemplo a idade e o histórico familiar, são solicitados exames como o conhecido PSA ou Antígeno Prostático Específico e o exame de toque retal. Se for preciso, uma biópsia da próstata guiada por ultrassonografia também poderá ser encaminhada.
Uma das principais preocupações está ligada ao toque retal, por preconceito e principalmente receio de que seja doloroso, o que segundo os médicos é de fato um mito.
Esse tipo de câncer não apresenta nódulos que podem ser percebidos facilmente. É que a próstata está posicionada perto da bexiga e nem sempre os sintomas são perceptíveis, porém, algumas alterações podem significar maior risco. Dificuldade para urinar ou mudança na frequência e no jato urinário, podem ser alguns sinais. Na fase mais avançada da doença, uma dor óssea e pélvica costuma ser percebida.
Vale lembrar que nem sempre essa dor característica na região da pelve masculina significa câncer de próstata, mas muitas vezes está relacionada também com a prostatite, ou seja, a inflamação da próstata, uma hiperplasia benigna da próstata que provoca o aumento da glândula e por consequência a dificuldade para urinar.
Os planos de paternidade também são cada vez mais adiados. Com as mulheres engravidando mais tarde, os homens seguem a mesma tendência. “O comum é vermos homens e mulheres em idade mais avançada, ou seja, após os 35, 40 anos, interessados em filhos”, comenta Dr. Alfonso Massaguer, especialista em Reprodução Assistida.
Por ser uma tendência aumentar a família nesta faixa etária é que os especialistas da Reprodução Humana se unem aos oncologistas e urologistas na equipe multidisciplinar que trata o paciente oncológico.
“Existem muitos casos nos quais o homem ainda não teve a chance de ser pai ou deseja o segundo filho e de repente descobre o câncer de próstata. Neste momento do diagnóstico, antes do tratamento, mas sem perda de tempo é crucial que um especialista em Reprodução Humana seja consultado”, alerta Dr. Alfonso.
A próstata é uma glândula que pesa entre 20 e 25 gramas, localizada abaixo da bexiga e na frente do reto. “Ela é formada por tecido glandular, conjuntivo e muscular e faz ligação direta com as vesículas seminais e a uretra, fundamentais para a formação do sêmen”, explica o especialista.
A função da próstata é produzir o fluido prostático, um dos componentes do sêmen. O líquido prostático se mistura com os espermatozoides, os gametas masculinos e os outros líquidos produzidos pelas vesículas seminais e pelas glândulas bulbouretrais. Durante a ejaculação, essas substâncias se misturam e formam o esperma. “É justamente o líquido prostático, o responsável pela proteção e nutrição dos espermatozoides, já que é rico em zinco, sais minerais e enzimas. Cerca de um terço do volume do sêmen é formado por ele”, explica o especialista.
“O PSA é a proteína produzida pela próstata que permite a liquefação do sêmen, ou seja, o deixa mais líquido, o que ajuda na mobilidade dos gametas. Além disso, o líquido prostático é alcalino e neutraliza a acidez do pH vaginal, o que permite que os espermatozoides cheguem mais longe e não morram pelo caminho”, conclui o médico.
Justamente por comprometer a glândula que promove maior eficiência de motilidade e mobilidade, a doença por si só pode comprometer a fertilidade masculina, mas o tratamento oncológico para combatê-la, dependendo da indicação terapêutica em alguns casos também compromete a fertilidade.
Antes de iniciar o tratamento é fundamental esclarecer todos os riscos e propor o congelamento de sêmen, um procedimento simples, não oneroso, que permite coleta domiciliar e submete o sêmen ao congelamento para que a chance futura da paternidade seja preservada. “Infelizmente surgem muitos casos de pacientes que superaram a doença, mas não receberam a devida orientação e encontram dificuldades futuras para engravidar. Sendo que o a falta de indicação é o principal fator para que muitos homens deixem de preservar a fertilidade”, alerta o médico.
“Por isso, o Novembro Azul mobiliza tantos médicos da Reprodução Humana. Esse é um assunto que precisa ser cada vez mais ampliado.Afinal, o melhor acolhimento passa também por esclarecimento.”